Jéssica Alves
Embora na cultura brasileira, a data seja representada como o Dia da Mentira, para milhares de fãs que foram prestigiar o show da banda inglesa Iron Maiden, um dos maiores nomes do heavy metal mundial, a noite do dia 1º de abril de 2011, foi verdadeiramente a realização de um sonho. O show inédito na capital paraense faz parte da “The Final Frontier World Tour 2011” - alusiva ao 15º álbum de estúdio lançado em 2010 – que percorrerá o mundo em 66 dias.
O grupo formado por Steve Harris (baixo), Bruce Dickinson (vocal), Dave Murray (guitarra 1) Adrian Smith (guitarra 2) Janick Gers (guitarra 3) e Nicko McGrain (bateria) entrou no palco na arena Cidade Folia com apenas alguns minutos de atraso, seguindo a pontualidade britânica - o show estava previsto para começar às 21h - e fez o set pronto que já tinha apresentado em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília e posteriormente apresentou em Recife e Curitiba. Mais de 11 mil pessoas estiveram presentes no evento.
Dezenas de amapaenses também fizeram presença no espetáculo. Para eles, essa foi a grande chance de poder ver o grupo ao vivo, haja vista a pequena distância de Macapá para Belém. Para concretizar esse objetivo, muitos tiveram que acatar com verdadeiros sacrifícios. O blogueiro Wagner Portela, 31 anos, destacou que apesar das dificuldades de conseguir ingressos e deslocamento, a possibilidade de ver a apresentação é a recompensa principal.
“Escuto Iron Maiden há 16 anos e como fã, desde novembro, consegui comprar, com muito esforço, o meu ingresso para a área VIP e estive num local a 20 km do Cidade Folia. Porém, o fato de ver a banda ao vivo é muito difícil, especialmente no Amapá, em que quase não há shows de porte como esse. Por isso, valorizo o esforço de cada fã que conseguiu prestigiar o grupo”, disse.
A estudante Mayara Santos chegou cedo no dia do show e acampou um dia antes no portão de entrada. “Meus amigos são de Belém e por isso, ficou mais fácil acampar. Como saí de Macapá especialmente para isso, logo vi a importância de acompanhar tudo, desde a chegada deles até o último instante do show, que com certeza ficara guardado para sempre em minha memória”, garante.
O Show
Com cerca de 200 toneladas de equipamentos e um cenário que remetia a fronteira espacial, a questão estrutural do espetáculo frustrou os fãs mais exigentes. O que se viu foi um palco absurdamente baixo, de difícil visualização, e um som com potência bem abaixo do que se esperaria num concerto desse porte.
A abertura do espetáculo ficou a cargo do grupo de metal nacional de Belém do Pará, Stress, que tem cinco discos (duas coletâneas) e se autoproclama a primeira banda de heavy metal do País, já que ela foi fundada em meados dos anos 1970. Após cerca de meia hora de apresentação, a introdução de “Satellite 15...” mostrou ao público que enfim o momento tão aguardado chegara.
O repertório da banda calcou-se em metade clássicos, metade canções pouco conhecidas de quem já não é tão íntimo da banda. Isso fez com que o show alternasse momentos de pura e genuína emoção com outros de respeito. Era tão latente a ansiedade e expectativa do público, que, mesmo se quisesse, o Iron não decepcionaria. Fã é fã e o Iron Maiden tem mais do que fãs. Tem seguidores, conquistados merecidamente ao longo de uma trajetória de mais de 30 anos de muitos acertos e poucos erros.
O primeiro momento de êxtase se deu logo na terceira canção. “2 Minutes to Midnight” que marcou o primeiro momento de vibração geral do público. A letra, cantada por milhares de pessoas, mostrou que o Iron Maiden sabe construir clássicos com sua receita infalível. Aqui e ali esses clássicos eram apresentados, em meio a canções mais longas e épicas, típicas da sonoridade construída pelo grupo desde que o ex-professor de História Bruce Dickinson assumiu os vocais da banda.
Foi assim, por exemplo, com “The Trooper” e com “Iron Maiden”, a canção, que contou com a presença do mascote Eddie, representado por um robô de três metros de altura e fez duelo com os guitarristas.
Mas foi, principalmente, com “Fear of The Dark”, onde o coro clássico do público se fez notar de forma tão uníssona. Na verdade, todos já esperavam que esse fosse o momento ímpar do show. Não há, entre os que minimamente conhecem a banda, quem não tenha visto essa canção ser executada ao redor do mundo com o mesmo impacto proporcionado pelo público nos coro que introduz a música. É como se aquele momento já tivesse sido ensaiado dezenas de vezes intimamente por cada um dos presentes.
E foi assim também no bis, com “The Number of the Beast”, clássica entre as clássicas e “Running Free”, a que encerrou definitivamente o espetáculo. Forçosamente comparando por muitos, o show do Iron Maiden pode equivaler a Belém o que significou o Rock In Rio em 1985, ou seja, a abertura de uma porta que não se fecha mais. Ou, ainda, o que representou para o showbizz brasileiro a vinda do Queen em 1981 ou do Kiss em 1983. Momentos de ruptura, de abertura de mercados. Vimos a história do rock mundial ganhar mais um capítulo na noite de 1º de abril de 2011.
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Unindo gerações
Com mais de 30 anos na estrada, o Iron Maiden a cada dia consegue, com sua marcante fórmula de canções aceleradas e temas históricos, alcançar um público vasto de jovens e manter os eternos fãs dedicados.
O estudante paraense Elifas Vieira, de 21 anos afirma que desde 2004 escuta a banda e a tem como a sua favorita. “Matei aula para assistir esse show, comprei o ingresso antecipadamente. É uma oportunidade única de ver minha banda favorita ao vivo. Eles representam o que há de melhor no heavy metal mundial”, destacou.
Para Carlos Freitas, de 54 anos, fã da banda há quase 30 anos define que a banda consegue agradar a várias gerações. “Isso que eu acho legal no Iron Maiden, pois além de sua ótima musicalidade, a banda consegue congregar várias tribos, tanto dentro quanto fora do heavy metal, agradando de 8 a 80 anos. No mundo inteiro, os fãs fazem congregação. É um prazer poder dividir com adolescentes e jovens adultos conhecimentos e dedicação por esse grupo”, avaliou
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O show do Iron Maiden em Belém também concretiza um sonho de infância do advogado paraense Rodrigo Barros, 28 anos, em homenagear a banda com uma pintura no carro da família. O Fusca branco ganhou vários desenhos do mascote Eddie, retirado de cinco álbuns da banda. O responsável pela arte é o artista plástico Thiago Losant. “Fiz essa loucura no momento em que soube a confirmação do show do Maiden aqui em Belém e consegui realizar o sonho duplo: de ver a banda em minha cidade e poder homenageá-los dessa maneira inusitada”, concluiu.
Totalmente histórico!!!!
ResponderExcluirA dois anos atrás quem falasse que o Irom Maiden estaria em Belém concerteza seria alvo no minimo de boas risadas. Mas as Fronteiras foram rompidas, é como um astronauta que desbrava um novo mundo colocando sua bandeira... O Iron Chegou a Amazônia.
Estar neste espetaculo foi a melhor sensação que já tive em toda minha vida! VIVA o Heavy Metal!
simplesmente foi demais...
ResponderExcluirwagner extreme