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quarta-feira, 25 de maio de 2011

ser nerd virou modinha, isso é fato!



O mundo, senão toda a galáxia, comemora em 25 de maio o Dia do Orgulho Nerd - ou, como muitos preferem, Dia do Orgulho Geek. A data foi estabelecida porque neste mesmo dia, em 1977, chegava às telas dos cinemas o primeiro filme da série que se transformou em um dos maiores expoentes nerd da história: o filme Star Wars.

Um grupo que abrange bem mais pessoas do que na época dos antissociais e satíricos personagens d’A Vingança dos Nerds. Não só porque ser nerd é uma das várias modinhas de hoje em dia, mas porque o próprio conceito se alargou bastante.

Quer dizer, por mais que a extrema direita, os religiosos, e a extrema direita religiosa possam afirmar que existe uma “epidemia gay” no mundo, não, ser gay não está na moda, ser gay não alça, nem em tese, ninguém a uma situação de vantagem . Pelo contrário, são pessoas que ainda hoje precisam rivalizar com diversas fontes de estupidez terem o simples direito de viver em paz.

Agora vamos ao “geek, nerd”, etc. Qual a grande adversidade que alguém enfrenta pelo simples fato de gostar de tecnologia, de ser estudioso desses assuntos, de curtir ficção científica, enfim, de estar nesse perfil, de se encaixar nesse “estereotipo nerd” nos dias de hoje? O que eu vejo por aí é uma onda “geek is the new black”, uma forte moda nerd que na verdade já começa a encher a paciência.

Isso porque no momento em que a coisa vira a nova onda do momento, qualquer mané capaz de reinstalar o Windows já se declara “computer expert” e o cara que pode mexer nas configurações de um router da dlink já faz pose de hacker pra ver se descola umas gatinhas.

O mundo corporativo de hoje é o mundo dos nerds donos de impérios né? Claro, foi isso que transformou “nerd” em moda, o que também faz circular grana em outros setores. Se você é o cara que se acha “computer expert” porque sabe reinstalar o Windows e gosta de vestir esse estereotipo, você é o cara que vai dar uma grana pra outros segmentos da indústria, que vivem dessa modinha e vendem a rodo camisetas de Star Wars, camisetas com “frases engraçadinhas nerds” e toda sorte de quinquilharias que a indústria da moda pode oferecer pra ganhar em cima da onda do momento.

Quer dizer, não existe a possibilidade de algo estar na moda e ao mesmo tempo ser alvo de preconceito. Se você é aquele cara mazelado, que mantém vestida por uma semana uma camiseta do Darth Vader fedida e cheia de buracos e se apresenta por aí como um atordoado que não dorme e come pizza fria com guaraná quente madrugada a dentro, você não sofre preconceito porque você é nerd, e sim por conta desses outros “detalhes”, entendeu?

Por outro lado, o novo “nerd chique” anda por aí cheio de marra. Ele faz parte da nova onda do consumismo, diz que é geek só porque anda cheio de gadgets que ele nem sabe como funcionam, melhor ainda se for tudo Apple. O que cai em outro contra-senso. Todo mundo sabe que usuário de Apple não arruma nada quando as coisas saem dando pau (negam muito, mas elas dão), eles pagam alguém pra arrumar. E não tem nada de “geek” nisso. Quer dizer, não existe essa besteira de nerd de iPhone. Isso é mais pra orgulho gay do que pra orgulho nerd.

Quer dizer, o tal dia do orgulho nerd carece de sentido. Ninguém é discriminado pelo simples fato de entender bastante de tecnologia, de gostar de ficção científica ou coisas do tipo, pelo contrário, isso tá na moda. O problema dessa moda é que ela deturpa o sentido da coisa.

Nerd sempre foi algo associado a capacidade e a esforço intelectual, coisa que não dá pra incorporar numa moda, infelizmente. O que é incorporado à moda é apenas a indumentária e o “jeitão nerd”. Estudar ninguém quer.

Lembro que, em algum texto do Cocadaboa, o MrManson escreveu certa vez que os nerds do passado tinham uma vida dedicada à filosofia, às ciências e até compunham música erudita, enquanto os de hoje passam o dia jogando RPG.

Aí vem a parte mais perigosa da coisa. De todas as modinhas que equiparam tribos adolescentes de apetrechos e outras besteiras, essa é a única que dá ao moleque um argumento sério de legitimação. O sujeito que era punk nos anos 80 não podia dizer aos pais que vagabundar por aí ouvindo Dead Kennedys ia fazer dele um adulto bem sucedido, já o moleque que hoje passa o dia pregado no video game, diz pra mãe que vai ser um Zuckerberg e passa longe de um livro de matemática.

Além disto, 25 de maio também é considerado o Dia da Toalha, em homenagem a Douglas Adams, criador da hilária trilogia de cinco livros O Guia do Mochileiro das Galáxias, a britânica sátira social em forma de ficção científica (E, cá entre nós, qual a boa ficção científica que não é, na verdade, um bom veículo de crítica ou análise social?).

Toalha? Sim, toalha, um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar (o que é um ótimo indício do surrealismo da série que definiu que o sentido para a vida, o universo e tudo mais é simplesmente 42).

Embora tenha passado por uma recente expansão de popularidade (criticada por muitos que clamam ser true nerds), a cultura nerd (ou geek, embora muitos surtem antes de admitir uma similaridade entre os termos) sempre foi um importante elemento da cultura pop (sim, podemos dizer que são vertentes diferentes, com a cultura pop mais ampla, e englobando a nerd).

Muitas obras tipicamente tidas como essenciais aos nerds são marcos da pop culture. São filmes como Star Wars, Blade Runner, Tron, Matrix e Alien, séries como Star Trek (a importância – ou desimportância – do canastrão William Shatner na cultura mundial renderia, por si só, uma série de bons artigos), Arquivo X, Battlestar Galactica, Lost e a atual Fringe e livros como Senhor dos Anéis, Duna, Neuromancer, o recente A Batalha do Apocalipse, e claro, O Guia (alguns dos quais ganharam ótimas adaptações no cinema).

E nem vamos falar dos quadrinhos ou games, redutos clássicos da população nerd e que também, vez ou outra, ganham suas adaptações (lembrando que o cinema vem passando por uma verdadeira enxurrada de filmes baseados nos quadrinhos, que não tem atingido só o público cativo das HQs, como o bilhão de The Dark Knight está aí para provar).

O amor pelo conhecimento (e, quase invariavelmente, pela cultura pop) define o nerd moderno, que pode não ser tão tímido e desajustado como o estereótipo costuma transparecer. Não é exagero dizer que os nerds estão dominando o mundo, mas apenas porque eles se reinventaram e, principalmente, porque detém a maior riqueza atual: o conhecimento.

Dia do Orgulho Nerd ou Dia do Orgulho Geek?

Ser nerd ou ser geek? Eis a questão. Para Richard Clarke, autor de livros de ficção científica como Breakpoint, em entrevista ao programa de televisão The Colbert Report, a diferença é que geeks fazem acontecer. Há quem diga que a diferença é que o geek é apenas um nerd mais sociável.

Segundo o site Online Etymology Dictionary, a palavra geek surgiu no século XIX como uma variante da palavra germânica arcaica geck, que significa cacarejar e também zombar. Na acepção moderna do século XIX, a palavra foi usada para se referir aos artistas de rua que faziam apresentações excêntricas, como arrancar cabeças de galinhas e comer insetos - ou bugs - , do inglês. Daí chamar as pessoas que lidam com os "bugs" de computador de geek.

Quanto à palavra nerd, existe mais de uma possível explicação. A palavra é a sigla do laboratório de tecnologia Nothern Eletric Reasearch and Development - Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia Northern Electric, do Canadá, nos anos 1950. Outra expliçação fala que alguns alunos do MIT - Massachussets Institute of Technology - chamavam os alunos que só estudavam e não gostavam de ir às festas de "knurd", que, em inglês, tem a mesma pronúncia de "nerd". "Knurd" é a palavra "drunk" - "bêbado, em inglês - escrita ao contrário.

Hoje, no universo de apaixonados por tecnologia ou por livros, filmes e séries de televisão, por exemplo, que brinquem com temas referentes ao espaço, à física, à fantasia ou ao "inexplicável", as palavras nerd e geek funcionam mais ou menos da mesma maneira. A diferença atualmente talvez esteja no fato de que ser geek e gostar de séries como Fringe, The Big Bang Theory, Star Trek ou filmes como Matrix e O Senhor dos Anéis é bem mais descolado e bacana do que ser um nerd que passa o tempo todo estudando estes assuntos.

2 comentários:

  1. Putz! Você levantou uma questão que eu sempre me intriguei... Nerds, afinal são sim aqueles considerados estudiosos e de tão envolvidos com o próprio estudo acabam por não ter uma vida social, o que os torna estranhos a outros. E, ainda assim isto foi deturpado por pessoas que por ver isto virar moda aderirem a este "estilo" pensando que isto basta!

    Muito fera esta postagem!

    Envia para a Galileu!!
    xD

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  2. cara, parabéns! finalmente achei um post como o seu!

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