Uma história de Natal um tanto diferente, que virou um verdadeiro clássico do cinema de autoria consagrada de Tim Burton. No lugar de papais nóeis bonzinhos, muita iluminação e alegria, vemos em "O Estranho Mundo de Jack" uma verdadeira mistura de Natal e Halloween, algo nunca visto antes na história do cinema. Quando foi lançado, em 29 de outubro de 1993, o filme foi duramente criticado, por ser considerado "obscuro demais para crianças". Maaas um tapa na cara da sociedade apareceu e o longa conquistou o coração de todas as crianças que o assistiram (inclusive esta blogueira que vos escreve, fã declarada de Jack e a obra de Burton), conquistando novos fãs até hoje.
Fugindo dos estereótipos, "O Estranho Mundo de Jack" é considerado o melhor filme de Natal e ao mesmo tempo de Halloween por muitos fãs. A mistura diferente originou de um poema e apesar de muitos acharem que o cineasta foi responsável pela direção do filme, na verdade foi Henry Selick (Coraline) que encabeçou a produção. O longa conta a história de Jack Skellington da Cidade do Halloween, que abre um portal para a "Cidade do Natal". Danny Elfman escreveu as músicas da banda sonora, desde da voz de Jack, bem como de outros personagens. O elenco de voz principal inclui Chris Sarandon, Catherine O'Hara, William Hickey, Ken Page e Glenn Shadix.
Conta a história de Jack Skellington da "Cidade do Halloween" A produção começou em Julho de 1991 em São Francisco. A Walt Disney Pictures decidiu lançar o filme sob nome da Touchstone Pictures devido ao pensamento que o resultado final seria "muito obscuro e assustador para as crianças". Ao longo dos anos, tem sido visto como um sucesso crítico e financeiro, resultando num investimento pela Disney em sua publicação no formato Disney Digital 3-D desde 2006.
O Estranho Mundo de Jack tem 24 quadros por segundo. Para capturar o movimento dos personagens, eles têm uma pose diferente para cada quadro. Um micro movimento, uma foto, outro movimento, outra foto, e assim por diante. Cada minuto do filme tomou por volta de uma semana de filmagens, totalizando em três anos para todos os 110 mil quadros e 76 minutos de filme.
Se houvesse qualquer problema com um dos quadros em uma cena era necessário voltar para o início e fazer tudo de novo.
Foram inventados dois itens durante as filmagens para ajudar no andamento do filme: um era um "alarme de luz", que avisava os animadores caso alguma luz do set não ascendesse. O outro era um sistema que permitia um técnico a trocar um boneco que quebrasse durante uma cena. Anterior às criações, se alguma das situações acontecessem durante as filmagens, toda a tomada estaria arruinada.
São mais de 60 personagens no total, cada um com três ou quatro cópias, enquanto o departamento de esculturas consistia de apenas quatro pessoas - responsáveis por todos os bonecos.
Para a animação de Jack Skellington, mais de 400 cabeças diferentes foram usadas. Para fazê-lo piscar era necessário trocar as pálpebras. Cada piscada leva até três quadros para ser completa.
Sally, por sua vez, tem diferentes máscaras para cada uma de suas expressões faciais. Não foi possível fazer cabeças completas por causa de seu cabelo - trocar a cabeça atrapalharia no movimento das madeixas ao longo da cena.
De acordo com Henry Selick, Vincent Price seria a voz original do Pai Natal. No entanto, após a morte de sua esposa, a saúde do próprio Price começou a deteriorar, tornando sua performance muito frágil e fraca. As gravações foram inutilizadas e, para o desgosto de Selick, o papel teve de ser dado a outra pessoa.
Foram necessários 13 animadores, 100 cameramen especialmente treinados para o trabalho e 19 estúdios com os 230 cenários.
O cenografista Gregg Olson construiu uma maquete 1/4 da Cidade do Halloween como um modelo para o cenário real. Partes do set tiveram de ser separadas em pedaços menores porque ele não cabia inteiro em apenas um estúdio. Para facilitar o acesso dos animadores aos bonecos, foram posicionados vários alçapões para que fosse possível alcançá-los por baixo.
Apesar de serem em miniatura, todos os cenários foram iluminados como se tivessem tamanho real - foram apenas usados instrumentos de iluminação menores. Muitos dos sets requeriam de 20 a 30 luzes para dar o efeito dramático necessário à cena.
Danny Elfman não tinha um roteiro como base para criar as músicas do filme. Ele pedia que Tim Burton descrevesse as cenas para que pudesse compor.
Segundo a equipe, a cena mais difícil de se fazer de todo o filme foi aquela em que Jack pega a maçaneta da Cidade do Natal. Ali é possível ver o reflexo de toda a floresta atrás de Jack, incluindo o rosto do esqueleto.
Tim Burton não pode dirigir O Estranho Mundo de Jack devido a sua responsabilidade com Batman - O Retorno e Ed Wood. O diretor Henry Selick estima que Burton esteve presente no set entre oito a dez dias durante a produção.
Em 2001, a Walt Disney Pictures considerou fazer uma continuação para o filme, mas em vez de usar stop motion, executivos queriam fazer o filme com computação gráfica. Tim Burton convenceu o estúdio a desistir da ideia, alegando que sentia que o filme tinha uma pureza própria e não queria ver "Jack indo à terra do Dia de Ação de Graças" ou coisas do tipo.
A voz falada de Jack é de Chris Sarandon enquanto a parte cantada é toda de Danny Elfman. Sarandon não acreditava que pudesse cantar durante as sessões de dublagem e o compositor tomou seu lugar.
Há apenas duas cenas em todo o filme que foram rodadas em velocidade normal, sem ser em stop motion: uma é a cena de abertura que mostra as árvores na floresta e a outra é a que mostra os insetos caindo no panelão do Oogie Boogie.
Patrick Stewart narrou a sequência de abertura original do filme. Seu trabalho ainda pode ser ouvido na trilha sonora.
O filme não foi inicialmente lançado sob o selo Walt Disney Pictures devido ao então CEO da companhia, Michael Eisner, que achou o filme "muito sombrio para crianças" e utilizou a Touchstone Pictures em seu lugar. O relançamento do longa em 3D no ano de 2006, no entanto, veio com a marca Disney.
O poema original de Tim Burton tinha apenas três personagens: Jack, Zero e Pai Natal. Os demais foram criados para o longa.
Tim Burton disse que a inspiração para o poema original veio quando viu, em uma loja, os funcionários trocando as propagandas do Halloween pelas de Natal. A mistura de fantasmas e duendes com Papai Noel e suas renas atiçou sua imaginação.
Um trecho do tema original de Batman - O Retorno pode ser ouvido quando as luzes estão à procura de Jack.
Dois dos brinquedos que Jack distribui, fazem referência a Batman - O Retorno, o filme que Burton estava dirigindo ao mesmo tempo. Um, é o pato diabólico com rodinhas, que é igual ao veículo conduzido pelo Pinguin, o outro é um boneco maligno de um gato, que tem a mesma cabeça do mascote da Corporação Shreck.
Alguns dos personagens de O Estranho Mundo de Jack tem o rosto de quem lhes emprestam a voz: Lock, Shock e Barrel, por exemplo, tem o rosto de Paul Reubens, Catherine O’Hara e Danny Elfman.
O menino que recebe uma cabeça decapitada de Natal, é uma versão infantil de ninguém menos que: Tim Burton.
Era preciso uma semana de trabalho para obter um minuto de filme. O filme dura 73 minutos. Isso, sem contar com a pré e pós-produção. O tempo gasto para a produção do filme, no total, é de 3 anos.
As três crianças do povoado se chamam Lock, Shock e Barrel, curiosamente similar ao título do filme britânico “Lock, Stock and Two Smoking Barrels”.
Há uma grande semelhança entre Jack e um personagem de um filme da Disney chamado Return to Oz, de 1985, que é a segunda parte do clássico O Mágico de Oz, de 1939. Este é um personagem criado por uma princesa para assustar uma bruxa má. Este personagem é também chamado Jack e tem a mesma aparência que a do filme de Tim Burton, anos mais tarde. Na verdade, Tim Burton é um fã declarado das histórias de Oz, escritas por L. Frank Baum, de 1900, e presta homenagem ao mesmo, baseando seu personagem Jack Skellington em Jack Pumpkinhead (personagem do segundo romance da série, Land of Oz) e a encantadora Sally em Scraps, a menina feita de retalhos (personagem do sétimo romance, The Patchwork Girl of Oz).
Na canção "This is Halloween" o trecho "...tender lumpings everywhere..." é uma referência à canção "Tender Lumplings", composta por Danny Elfman quando ainda integrava a banda Oingo Boingo.
Jack Skellington faz uma aparição em Os Fantasmas Se Divertem (1988), onde pode ser visto no topo do carrossel de Beetlejuice, já próximo do final do filme.
O gato do curta Vincent (1982), dirigido por Tim Burton, pode ser visto logo no início de O Estranho Mundo de Jack quando pula no lixo.
Para adaptar o seu poema em um roteiro, Burton recrutou Michael McDowell, seu colaborador em Os Fantasmas se Divertem. Devido às diferenças criativas entre McDowell e ele, Burton ficou convencido em produzir um filme como musical, com letras e composições escritas por seu frequente colaborador, Danny Elfman. Elfman e Burton criaram uma história áspera e dois terços das músicas de O Estranho Mundo de Jack, enquanto que Selick e sua equipe de animadores começaram a com uma constituição de 200 trabalhadores. Joe Ranft ficou responsável pelo storyboard, enquanto Paul Berry foi contratado como supervisor de animação. No total, foram 109.440 quadros tirados para o filme.
Os cineastas construíram 227 bonecos para representar os personagens de O Estranho Mundo de Jack. Jack Skellington possuía cerca de quatrocentas cabeças, permitindo a expressão de todas as emoções possíveis. Os movimentos da boca de Sally, foram animados através do método de substituição. Durante o processo de animação, só a 'máscara' da cara da boneca foi removida, a fim de preservar seus longos cabelos vermelhos. Tinha dez tipos de faces, cada uma formada com uma série de onze expressões (por exemplo, os olhos abertos e fechados, e várias poses faciais) e os movimentos da boca sincronizados.
Jack também é o personagem principal na história Tim Burton's The Nightmare Before Christmas: Jack's story.
O álbum da trilha sonora de O Estranho Mundo de Jack foi lançado em 1993, pela Walt Disney Records. Para o relaçamento de 2006, em Disney Digital 3D, foi lançada uma edição especial, contendo um disco bônus com cinco versões das canções, executadas por artistas como Fall Out Boy, Panic! at the Disco, Marilyn Manson, Fiona Apple e She Wants Revenge. Também foram incluídas seis faixas demo por Elfman.
A banda de rock gótico London After Midnight inclui no seu álbum de 1998, Oddities uma versão da canção "Sally's Song".
Ao final da produção de O Estranho Mundo de Jack, os cenários e marionetes tiveram diferentes destinos. Henry Selick tem vários deles em sua coleção pessoal, e alguns dos animadores conservaram algumas das marionetes. Muitos dos elementos foram simplesmente descartados. Algumas marionetes que tinham forma humana foram cortadas para extrair a armação metálica, já que era muito cara mandar fazer novas. A Cidade do Halloween pode ser vista, atualmente, na escada que conduz ao primeiro piso do Planet Hollywood de Downtown Disney, em Orlando.
Referências
Jack Skellington já fez aparições em outros filmes de Tim Burton e Henry Selick: em Os Fantasmas se Divertem, sua cabeça aparece no topo do chapéu carnavalesco que Beetlejuice usa mais ao fim.
A gema de ovo que a Outra Mãe despeja em uma vasilha forma a imagem do personagem principal de O Estranho Mundo de Jack (1993), também dirigido por Henry Selick, e os discos no escritório do Outro Pai são da banda do filho de Henry Selick, Harry, chamada The Rockets, e também de sua própria banda, The Sharks. Por fim, a loja de departamento Linden recebeu este nome em homenagem ao produtor Harry Linden.
Jack é visto também como o capitão de um navio pirata em outro filme de Henry Selick e Tim Burton: James e o Pêssego Gigante.
Mias imagens do aniversariante de hoje
Muito obrigada mestre Tim Burton por não ter desistido dessa obra e ter alegrado por anos o Natal das crianças da década de 90 e posteriores com esse clássico: "The Nighmare Berofe Christmans" :)