Antes de mais nada, confesso logo que sou suspeita em falar sobre a questão de Angra e Sepultura, minhas bandas favoritas no cenário metal brasileiro, terem se apresentado no sábado (6) no bloco de carnaval de Carlinhos Brown, na cidade de Salvador (BA). Afinal, sou daquelas fãs que apoia os músicos em suas ideias inusitadas.
E não foi diferente neste fim de semana. Claro que o assunto rendeu uma boa polêmica na internet. Os "metaleiros" se dividiram em opiniões distintas. Há quem odiou a ideia, pois para eles o metal não é um estilo que combina com o cenário carnavalesco e muito menos trio elétrico.
Concordo em partes, mas por outro lado, vejo essa questão como algo histórico na música brasileira. Não que o metal dependa disso para ser reconhecido. Longe disso, o metal sempre está vivo no underground, sempre que houver o fã que se identifique e consuma o produto, ele estará lá.
Mas estamos no Brasil, e por mais famosa que sejam ambas as bandas, considerados ícones do metal brasileiro, se comparando com o cenário em geral, Angra e Sepultura ainda são underground sim. E ser homenageado na maior festa popular brasileira (você gostando ou não) é algo a ser celebrado.
Primeiro que eu não vi ninguém ridicularizando o estilo do rock. Preconceito sempre existe, não vamos negar e assim como somos alvos de piadas, também adoramos fazer piadinha com o gosto musical alheio né (eu mesma faço e não deixo de achar divertido). Mas a questão é que esta foi uma oportunidade de quebra de barreiras, onde o rock pode ser celebrado no meio de foliões sim.
Eles são músicos, e esta não deixa de ser uma grande oportunidade de expandir e mostrar que o metal está sim mais vivo do que nunca, por mais que muitos insistam em matá-lo com ideias pessimistas ou falta de apoio. Mas isso é assunto para outras discussões. Uma experiência curiosa e ousada.
A iniciativa de Carlinhos Brown, que por sinal, foi alvo de milhares de garrafinhas de água mineral durante o Rock In Rio, na noite do Iron Maiden, é uma resposta educada e divertida em celebrar o rock, quebrando as barreiras. E o que é a música brasileira se não a diversidade? O encontro reviveu a parceria que o músico tinha iniciado com o Sepultura em 1996, quando tocou "Ratamahtta", uma das faixas do disco Roots, que completa 20 anos, igual o "Holy Land" do Angra.
Até porque o Angra e o Sepultura desde sempre tiveram a "brasilidade" como pano de fundo do seu diferencial no cenário heavy metal. E se outras culturas podem celebrar as canções populares, porque o brasileiro não? E porque não celebrar o rock na festa popular do Brasil?
Mas a inovação é assim mesmo, sempre causará espantos e críticas. Se depender de aprovação de maiorias, grandes obras da música jamais seriam criadas. Para inovar, tem que ter coragem. E por isso eu apoio a iniciativa das bandas.
Não é só por dinheiro, como muitos falam. É por ser músico e gostar muito deste ofício a ponto de querer sair da mesmice e de vez em quando fazer um barulho diferente na cena metal brasileira. Parabéns às ambas as bandas e também as milhares que estão no undergound fazendo isso acontecer. Cada um à sua maneira, mas toda valorização do rock e metal para mim são válidos \,,/
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