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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

SWU e a fúria contra a máquina


Texto : Andre Mont' Alverne (blog De Rocha!)

O mundo do rock não cansa de nos deixar surpresos. Durante a semana que passou, estive acompanhando o festival SWU. Infelizmente, um cidadão amapaense como eu, que mora longe demais das capitais, tem que ficar a mercê das grandes emissoras de TV que, na verdade, fizeram somente um resumo, bastante resumido de algumas das apresentações que eu mais esperava.
Os grupos que eu aguardava com mais ansiedade eram o Queens Of The Stone Age, Kings Of Leon, The Mars Volta, e claro, o Rage Against The Machine. Gosto do Pixies, mas sinceramente, se eles fazem um excelente show, não me surpreende, se fazem um show ruim, idem. Sei bem da importância do Pixies na história do Rock, só que hoje, essas músicas me parecem muito iguais. Então, foi-se o tempo em que eles me empolgavam, e por isso, eu passei completamente batido nesse show.
Assim como também gosto muito das músicas da Joss Stone, mesmo sabendo que ela calada, já seria um grande espetáculo. O Linkin Park, eu não gosto nenhum pouco e por isso não ousei ligar a TV no encerramento do festival. Vejo essa banda semelhante ao Creed, só que o Creed tem a vantagem de já ter acabado. Isso me lembra que houve também o show do Los Hermanos. Realmente, não sei o que acontece com essa banda. Eles vivem dizendo que acabaram, mas não pode pintar uma grande banda no Brasil, que resolvem voltar para abrir o show, o que eles querem? Autógrafo?

Bem, vamos ao que realmente interessa. O Queens Of The Stone Age, segundo relatos de amigos internautas foi brutal (no sentido de ser muito porrada = muito bom). Essa brutalidade não foi acompanhada na integra por mim, devido à péssima cobertura da Rede Globo, que transmitiu somente três músicas da banda. Mas imagino que mesmo se eu tivesse acompanhado o show inteiro, com uma tela digital de 52 polegadas em High Definition e com um som da mais alta qualidade, dificilmente, sentiria a mesma sensação que as pessoas, que estavam presente em Itú tiveram naquele momento. Esse é o tipo de show que você tem que estar lá no meio para compreender. Na minha "humilde” opinião, o Josh Homme (líder do QOTSA) é um dos responsáveis pela sobrevivência do que eu entendo que seja o rock and roll nos dias de hoje.

O Kings Of Leon foi fraquíssimo. Eles pareciam mais preocupados com a roupa passada e o cabelo arrumado. O que me decepcionou bastante, pois eu sei que eles fazem um som muito bom, com uma levada empolgante e o estilo de cantar do vocalista que, às vezes, parece que está chorando, combinado com o som setentista das guitarras, já fez a banda atrair muitos fãs ao redor do mundo. Principalmente aquelas pessoas que curtem uma praia, com sombra e água fresca.

O The Mars Volta, foi sensacional. Esse show passou na íntegra no multishow. Confesso que esperava um show cansativo, porque eu nunca me dei muito bem com elementos de rock progressivo misturados com outros estilos. A banda é constituída pelo que sobrou do At The Drive In, uma banda que eu gostava muito e ainda ouço bastante, e quando essa banda acabou, fiquei muito chateado, por ingenuidade minha, demorei um pouco para absorver o The Mars Volta, achando que seria só um último suspiro do ATDI.


Eu não poderia estar mais enganado. Com toda certeza, o Omar Rodrigues Lopez é um dos guitarristas mais inovadores e fenomenais que existe hoje no rock, e a mistura sonora que eles produziram somada a inquietude do vocalista Cedric Bixler-Zavala que não pára nem um segundo, fez com que eu me apaixonasse pelo som dos caras, que ao vivo se tornou uma coisa indescritível.


Eu não quis tentar descrever o que estava se passando e, simplesmente, fiquei com o queixo caído. Às vezes eu perdia, literalmente, o controle, mas eu o achava logo em seguida e aumentava o volume ao máximo. Se eu pudesse escolher um show para estar presente nesse festival, seria o show do The Mars Volta. Foi a melhor apresentação do Festival SWU.

finalmente, o RAGE AGAINST THE MACHINE. Assim mesmo, em letras garrafais. Eu imagino como seria um dinossauro T-Rex, com raiva e faminto, entrando correndo na Casa Aliança (uma conhecida loja de louças e panelas, que há muito tempo se encontra no centro de Macapá). Eu acho que o barulho que faria, e o pânico que seria, se aproximaria do que foi o show do RAGE em Itú.


Eu sempre me imaginei em um show do RAGE. É o tipo da banda que quando você ouve, você tenta imaginar como seria o show no Brasil, uma multidão pulando fora de controle. Demorou muito para esse dia chegar, a banda inclusive acabou e voltou durante esse longo período de espera. Mas eles não me decepcionaram. Explosivos como sempre, não mediram conseqüências e mandaram um hit atrás do outro. Vale destacar a virtuosidade do genial guitarrista Tom Morello, que reproduziu nota a nota, distorção a distorção, pedal a pedal, cada parte das músicas como se fossem exatamente em um estúdio, e também a energia e carisma do vocalista Zack de La Rocha, que conseguiu levantar o público em todas as músicas que eu acompanhei.

Todos os integrantes do RAGE estavam visivelmente felizes de estarem no palco fazendo aquele show, e acima de tudo, eles estavam surpresos com a receptividade dos fãs brasileiros. Varias pessoas desmaiaram na platéia e a apresentação foi paralisada por diversas vezes. O que não deixou o público presente em Itú mais calmo e levou Zack De La Rocha ao microfone pedir ao publico para se acalmar.


"Não poderíamos estar mais animados por estar aqui, mas queremos que tenham cuidado. Vamos continuar o show e tocar todas as nossas músicas se tivermos certeza de que vocês estarão cuidando uns dos outros", declarou Zack.


E o show prosseguiu com clássicos e mais clássicos, como “Guerilla radio”, “Settle for nothing”, “Fisfill of stell” e “Born of a broken man”. Eu, que acompanhava da minha casa, com uma latinha na mão, e discutindo com toda a minha família por causa do volume da TV, estava confiando piamente na transmissão da multishow, até que o Tom Morello resolveu vestir o boné do M.S.T. e sem maiores explicações, o canal passou a transmitir o "Sexytime", programa pornográfico que só estava previsto para ir ao ar 1h25min depois.

O Canal Multishow alegou "problemas técnicos" causados pela "falta de segurança". Eu não consigo explicar o quanto isso me deixou PUTO. Eu mudei para a Globo, que ironicamente, estava transmitindo o filme “Todo Mundo Em Pânico 4”. Resumindo, eu fiquei sem saber o que fazer. Não sabia se eu continuava tomando cerveja, se saia de casa para tentar achar alguém que compartilhasse da minha fúria, ou se xingava a emissora de TV via twitter, e eu acabei fazendo todas essas coisas.


Ora, vamos pensar. A proposta era até interessante, um festival "ecologicamente correto". Mas como é que você constrói todo esse conceito bonito e chama uma banda com um forte discurso político e oferece uma área vip ao mesmo tempo?


Os integrantes do RAGE sempre tiveram uma postura ativista, e foi exatamente em um festival como esse (Woodstock) que eles decidiram acabar com a banda no final dos anos 90. Naquela ocasião, eles tocavam suas músicas com letras que falam sobre igualdade e revolta, com fortes críticas ao governo americano. Porém, lá embaixo, entre os mortais, a água era vendida a cinco dólares a garrafinha.


Por fim, a banda está aí novamente, e eles continuam com a mesma essência e não fizeram concessões em seu engajamento: dedicaram "People of the sun" aos "irmãos e irmãs" do Movimento Sem Terra, dispararam um trecho do Hino Internacional Comunista na hora do bis, e fecharam com as músicas "Freedom" e "Killing in the name", que eu acompanhei através de gravações de celulares no Youtube. No final, eles se despediram de punhos cerrados repetindo o gesto dos Panteras Negras sob uma salva de aplausos, urros e uma chuva de sapatos, chinelos e cd`s atirados pelos fãs contra o palco.


Após a apresentação, Tom Morello se pronunciou pelo Twitter: "Se a rede de TV cortou as cenas em que eu aparecia com o boné do MST, é sinal que estamos vencendo". Bem, eu perdi a maior parte. Mas valeu pelo ato histórico, que pode ser comparado a cusparada de Kurt Cobain nas câmeras da Rede Globo no Hollywood Rock em 1993. E viva o ROCK AND ROLL que continua mais vivo do que nunca.

Um comentário:

  1. a muito acompanho seu blog...
    e sempre fico interessado em qual será sua próxima postagem.
    essa do swu foi muito boa.
    e assim como você fiquei a espera da transmissão da globo.
    que só passou uma musica do Los Hermanos que era os show que eu tava mais esperando.
    mas fazer o que.
    quem não tem dinheiro para canal fechado, tem se contentar com os abertos ou cometer suicídio, (a segunda opção parece mais sensata)
    eu também tenho um blog passa lá e deixa um comentário.
    se achar ele ruim pode falar......
    WWW.idealismomental.blogspot.com

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