A maior festa do cinema mundial, o Oscar, que ocorreu ontem (27) revelou-se esse ano como uma das mais disputadas, especialmente na categoria melhor filme. Mas com quatro estatuetas "O discurso do rei" levou a melhor.
Como esperado, o inglês Colin Firth amealhou o Oscar de Melhor Ator por sua atuação em O Discuro do Rei. Emocionado, Firth agradeceu aos seus colegas de elenco Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter e tentou se concentrar na essência de seu agradecimento. "Tenho de lembrar também Harvey, meu professor há 20 anos, quando eu era uma sensação juvenil", ironizou.
Firth disse também que parte de sua primeira estatueta de Melhor Ator se deve ao estilista e diretor de cinema Tom Ford, que dirigui o ator em Direito de Amar, que rendeu ao britânico sua primeira indicação ao Oscar em 2010.
No filme, Firth é o Príncipe Albert, segundo na sucessão do trono da Grã-Bretanha. Quando seu irmão, Edward, desiste do trono para se casar com uma plebeia, Albert torna-se rei. Ele precisa falar ao país, que entrava na Segunda Guerra Mundial, mas enfrenta um grave problema de gagueira. O longa mostra a história de superação do monarca, que transita entre a arrogância do nobre e a humanidade do homem com deficiência.
Apesar do favorito da categoria de direção ser David Fincher, por "A Rede Social", Hooper havia conquistado o prêmio do Sindicato dos Diretores, considerado o melhor termômetro para o Oscar. Aos 38 anos, o desconhecido cineasta britânico parabenizou os colegas. "Seus trabalhos foram extraordinários e estou honrado de estar ao lado de vocês", disse ele, que dedicou a estatueta aos pais, presentes na festa.
Na categoria melhor atriz, Natalie Portman, a musa nerd de Star Wars (que interpretou a rainha Padmé Amidala). superou Annette Bening ("Minhas Mães e Meu Pai"), mas não esqueceu das concorrentes. "Gostaria que meu prêmio fosse trabalhar ao lado dessas colegas", disse. Agradeceu ao cineasta francês Luc Besson, com quem estreou no cinema, aos 11 anos, em "O Profissional", e aos pais, por terem lhe dado a "oportunidade de trabalhar desde muito nova". Além disso, a atriz israelense reconheceu o trabalho "visionário" do diretor Darren Aronofsky em "O Cisne Negro" e de todos os profissionais que a ajudaram a se preparar para o filme de dança.
Christian Bale ganhou pela atuação em "O vencedor"
O galês Christian Bale, vencedor da categoria Melhor Ator Coadjuvante pelo filme "O vencedor" por sua vez, dedicou seu prêmio à população de Lowell, Massachusetts, cidade industrial onde o filme foi rodado, e aos irmãos pugilistas Micky Ward e Dicky Eklund – a quem Bale interpreta –, que inspiraram a história do filme. "Isso está realmente acontecendo", comentou, espantado. Contrariando sua fama de durão, Bale chorou ao agradecer à esposa e à filha. Esta foi a primeira vez desde 1965 que britânicos ganharam tanto o Oscar de ator e quanto o de ator coadjuvante.
"Toy Story" ganha dois prêmios
Nas categorias técnicas, "A Origem" teve quatro vitórias: melhor fotografia, efeitos especiais, mixagem de som e edição de som. "Alice no País das Maravilhas" ganhou os prêmios de direção de arte e figurino, este último para Colleen Atwood, que levou seu terceiro Oscar. Quem tem bem mais estatuetas do que ela é o maquiador Rick Baker – ele ganhou seu sétimo Oscar pelo trabalho em "O Lobisomem". Seu primeiro prêmio, aliás, havia sido por um filme correlato, "Um Lobisomem Americano em Londres", de 1981.
Como esperado, "Toy Story 3" ganhou o Oscar de melhor animação em longa-metragem. O diretor Lee Unkrich recebeu a estatueta dourada e agradeceu às plateias de todo o mundo que fizeram a bilheteria da produção da Pixar, também indicada a melhor filme, ultrapassar a barreira do US$ 1 bilhão.
Randy Newman conquistou o prêmio de melhor canção original pelo mesmo filme e, bem humorado como sempre, fez graça no palco. "Minha percentagem está ótima. De 20 indicações, ganhei duas", brincou. O australiano "The Lost Thing", de Andrew Ruhemann e Shaun Tan, venceu o Oscar de melhor animação de curta-metragem.
O prêmio de melhor filme estrangeiro foi para "Em Um Lugar Melhor", da diretora Susanne Bier, da Dinamarca, que superou o mexicano "Biutiful". Esta é a terceira vez que o país conquista o Oscar da categoria.
Cerimônia decepciona
Ao longo de pouco mais de três horas, a 83ª edição do Oscar foi uma das mais monótonas dos últimos anos, e não só pela previsibilidade dos prêmios principais. Apesar de terem sido escalados por conta da jovialidade, os apresentadores Anne Hathaway e James Franco não injetaram energia à festa e tiveram participação discreta. Hathaway se limitou a trocar inúmeras vezes de vestido e Franco parecia assustado em cima do palco – as piadas lidas no teleprompter soavam exatamente assim. Nem o fato do ator de "127 Horas" aparecer travestido de Marylin Monroe, com peruca loira, teve graça. A breve intervenção de Billy Cristal, por exemplo, foi muito mais divertida do que o casal junto a noite inteira.
O início até que foi promissor, apesar da fórmula batida. Em um vídeo, Hathaway e Franco interagiam com cenas dos dez indicados a melhor filme, brincando com a trama de "A Origem". A dupla entrava em um sonho de Alec Baldwin, apresentador no ano passado, para pedir dicas da cerimônia. Samuel L. Jackson fez uma participação especial. No fim, os dois apresentadores embarcavam numa máquina do tempo, o DeLorean de "De Volta para o Futuro", e desciam no palco do Kodak Theatre.
Transmitida para mais de 200 países, a 83ª edição da festa terminou ao som de "Somewhere Over the Rainbow", de "O Mágico de Oz", cantada pelo coral P.S.22, composto por estudantes de 10 e 11 anos de escolas públicas de Nova York. Politicamente correto como a maioria absoluta das vitórias.
Veja a lista completa de vencedores do Oscar 2011:
- Melhor fime: "O Discurso do Rei"
- Melhor diretor: Tom Hooper, por "O Discurso do Rei"
- Melhor ator: Colin Firth, por "O Discurso do Rei"
- Melhor atriz: Natalie Portman, por "Cisne Negro"
- Melhor ator coadjuvante: Christian Bale, por "O Lutador"
- Melhor atriz coadjuvante: Melissa Leo, por "O Lutador"
- Melhor roteiro original: "O Discurso do Rei"
- Melhor roteiro adaptado: "A Rede Social"
- Melhor filme estrangeiro: "Em Um Mundo Melhor", Dinamarca
- Melhor trilha sonora: "A Rede Social"
- Melhor canção original: "Toy Story 3", com "We Belong Together"
- Melhor fotografia: "A Origem"
- Melhor montagem: "A Rede Social"
- Melhor direção de arte: "Alice no País das Maravilhas"
- Melhor figurino: "Alice no País das Maravilhas"
- Melhores efeitos especiais: "A Origem"
- Melhor animação em longa-metragem: "Toy Story 3"
- Melhor animação em curta-metragem: "The Lost Thing"
- Melhor mixagem de som: "A Origem"
- Melhor edição de som: "A Origem"
- Melhor maquiagem: "O Lobisomem"
- Melhor curta-metragem: "God of Love"
- Melhor documentário em curta-metragem: "Strangers No More"
- Melhor documentário: "Trabalho Interno"