Em primeira mão, apenas três dias depois do lançamento oficial, pude escutar o 12 trabalho de um dos maiores ícones brasileiros no heavy metal, Sepultura. Intitulado "Kairos", nesse álbum, podemos encontrar itens que consagrou a banda mineira: tradição, metal na veia, distorção ensurdecedora e ritmos brasileiros.
Muita gente torceu o nariz para os álbuns na fase pós Max Cavalera e com a entrada de Derick Green, como Dantes XX I(2006) ou A-Lex (2009). Esses últimos considero bons álbuns, mas ao ouvir "Kairos", não tive como me conter. A qualidade deste álbum é gritante e está muito mais empolgante.
riffs espetaculares, a bateria bem trabalhada, passando pelo vocal, mixagem, e os solos perfeitos de Andreas Kisser, relembrando os tempos áureos de "Arise".
O álbum
Palavra vinda do grego, "Kairos" possui um significado relacionado à tempo (bem representado também na arte da capa), com isso o Sepultura faz uma viagem pela sua própria história e a narra em suas letras, como bem contou o baixista Paulo Jr. Os temas líricos também repreendem os severos críticos anônimos de internet que, segundo eles, têm sido muito injustos em seus julgamentos sobre a banda. O álbum pode então ser, de certa maneira, considerado conceitual como seus dois antecessores A-Lex (baseado em A Laranja Mecânica de Anthony Burgess) e Dante XXI (sobre A Divina Comédia de Dante Alighieri)
A primeira faixa, "Spectrum" inicia bem condensada e até simples, com riff porrada de Kisser. O vocal de Green marca uma nova fase na sonoridade da banda, e co toques do que virá a seguir.
A faixa título "Kairos" vem com riffs abafados. A faixa é um thrash "mid-tempo" bem pesado e com sinais de criatividade muito interessantes de Andreas Kisser. O vocal de Derrick nessa música impressiona e a bateria de Jean, mesmo que simples cumpre bem o papel. Gostei =)
"Relentless", a terceira do álbum, revela-se muito pesada e tem muito groove, porém aqui a velocidade começa a aumentar. Destaque para o solo. Kisser kicks ass! A primeira intro do álbum ("2011") dá as caras, sem tirar muito a coesão do trabalho, até que "Just One Fix", cover do Ministry soa nos auto-falantes.
Muitos odiaram mas como é uma resenha, adianto que achei demais bacana a versão do Sepultura. Um outro resenhista destacou que esse é um Sepultura recente voltando pouco a pouco para as suas "Roots". Concordo. E acrescento que houve bom amadurecimento nos anos sem os Cavalera.
A sexta música "Dialog"parece como a divisora das duas eras. A faixa que no início tem uma levada bem contagiante e atual, vai ganhando peso, até que um excelente solo (mais um), serve de porta de entrada para as palhetadas monstruosas de Kisser, e como intro da próxima música.. "Mask".
Essa ja destaco como uma de minhas favoritas. As guitarras vem pedindo espaço, anunciando o massacre que está por vir. O que dizer então da bateria pesadíssima e dos blast-beats no refrão. Uma surpresa e tanto não, Viúvas do Cavalera??
temos a breve "1433" que dá lugar a 'Seethe", outra faixa que já é conhecida dos headbangers, já que a mesma vem sendo executada a alguns meses nas apresentações da banda. Velocidade e peso é o que temos aqui.
Born Strong", que nos remete aos tempos de "Arise", grande faixa. Embrace the Storm", é provavelmente a composição do álbum que mostra a maior coesão dos membros da banda, com um merecido destaque para Jean e Kisser. Penúltima intro ("5772") e damos de cara com a música mais Thrash do trabalho. Remetendo sem exagero digo a algo de Schizophrenia/Beneath The Remains/Arise, "No One Will Stand" destrói tudo.
A 14º faixa "Structure Violence (Azzes)" é a mais experimental do álbum o que não faz a mesma ruim - longe disso. Contando com a parceria do grupo percussivo francês "Les Tambours du Bronx" a faixa se mostra deveras interessante, assim como "4648" que fecha o melhor álbum do Sepultura atual.
Tracklist:
1. "Spectrum" (4:03)
2. "Kairos" (3:37)
3. "Relentless" (3:36)
4. "2011" (0:30)
5. "Just One Fix (Ministry cover)" (3:33)
6. "Dialog" (4:57)
7. "Mask" (4:31)
8. "1433" (0:31)
9. "Seethe" (2:27)
10. "Born Strong" (4:40)
11. "Embrace the Storm" (3:32)
12. "5772" (0:29)
13. "No One Will Stand" (3:17)
14. "Structure Violence (Azzes)" (5:39)
15. 4648 (00:29)
16. Firestarter (The Prodigy Cover) (04:30)
17. Point Of No Return (03:24)
KAIROS foi gravado nos Estúdios Trama, em São Paulo, entre os meses de fevereiro e março/2011, com produção de Roy Z (Judas Priest, Halford, Bruce Dickinson, Helloween).
Podem ter cuspido, chamado de morto, apedrejado, mas o Sepultura resistiu e nos brinda com mais um ótimo trabalho. Com toda a certeza a banda continuará firme e forte em seu trabalho, merecido de reconhecimento, independente de formações.