A banda Gestos Grosseiros (SP) está na ativa desde meados de 1996 e já é considerado um dos principais expoentes do underground brasileiro, com o seu Death Metal de qualidade. Formada atualmente por Andy Souza (vocal e bateria), Kleber Hora (guitarra) e Danilo Dill (baixo) o grupo já passou por diversas cidades brasileiras e países como Chile e Uruguai divulgando o seu trabalho. Atualmente a banda está na turnê de "Satanchandising". Em entrevista ao blog, concedida ao colaborador Bruno "Blackened" Monteiro, o trio, que passou por Macapá no dia 11 de agosto, no evento "II Zombie Night Fest", falou sobre a carreira, planos para o futuro, a atual turnê entre outros assuntos. Confira
por Bruno
“Blackened” Monteiro
Olhar Alternativo: Como foi o
início do GESTOS GROSSEIROS? Quais as principais dificuldades que vocês
enfrentaram?
Andy Souza: A banda começou
em 1996 na cidade de Guarulhos (SP). As dificuldades foram as mesmas que a maioria
das bandas underground têm: você quer gravar e lançar uma demo e não tem
condição financeira. Mas com dedicação e o apoio de algumas pessoas conseguimos
gravar a primeira demo em 2001 "No Rest", Em 2003 gravamos a segunda demo,
"FirstPain". Começamos a conquistar espaço no underground, chegamos a abrir para o
Krisiun, em Santa Catarina, no Festival River Rock. Então as coisas começaram a
fluir mais naturalmente. Participamos de algumas compilations, em 2008 lançamos
o debut, o Countdownto Kill, e, recentemente, em 2010,lançamos Satanchandising,
que é o nosso segundo full-lenght...
Danilo Dill (interrompendo):
2011.
Andy: É, 2011, desculpa
(risos). Estamos agora em turnê, divulgando o álbum. Ficamos praticamente um ano
mexendo nas músicas e compondo. Queríamos fazer algo melhor do que "Countdownto
Kill". Não dizendo que ele não foi um álbum legal, pelo contrário, sem Countdownto
Kill a gente não teria o espaço que a gente tem hoje, mas queríamos ter algo
superior e Satanchandising tem conseguido superar não só as nossas expectativas,mas
também a do público e da mídia especializada, que estão elogiando bastante.
Olhar: Por que GESTOS
GROSSEIROS? De quem foi a ideia? O que esse nome significa pra vocês?
Andy: Antes de GESTOS
GROSSEIROS, a banda se chamava Versaine. Isso foi antes de 1998. O rapaz que fundou
a banda, na verdade, já faleceu, era baterista e russo. Ele achava que Versaine
era alguma coisa ligada com gestos grosseiros, tipo um trocadilho. E como já estávamos
fazendo shows,em 98, deixamos caracterizado como GESTOS GROSSEIROS mesmo, com
as músicas em português, inclusive. Nunca sofremos nenhum preconceito no
sentido de dizerem “Vocês não vão tocar no nosso festival porque GESTOS
GROSSEIROS não tem nada a ver com Metal!Lembra o nome de uma banda Punk/Hardcore”.Então
permaneceu GESTOS GROSSEIROS.Não tem nenhum significado, é apenas o nome da
banda mesmo.
Olhar: Vocês já realizaram
uma minitour pelo Chile para promover Countdownto Kill. Qual foi a recepção do
publico chileno?
Andy: Fomos para o Chile em
dezembro de 2006. Na ocasião estávamos divulgando Countdownto Kill, que era pra
ter saído antes. Mas estávamos tentando achar uma parceria para lançar o CD,
porque não tínhamos dinheiro para lançar de maneira independente. A
receptividade foi legal, só que a banda não tinha um conhecimento bacana daquela
cidade, então não foi aquilo que a gente esperava. Mas vamos voltar mês que vem
ao Chile, dias 7 e 8 de setembro, com outro suporte e a banda sendo um pouco
mais reconhecida.
Olhar: Qual a sensação de
tocar ao lado de bandas como Krisiun, Dark Funeral, Vader e Marduk?
Andy: Eu particularmente
sempre escutei Vader e Krisiun. Quando você vai tocar com os caras, se sente
realizado pelo fato de “Pô, estou tocando com os caras que me influenciaram para
fazer um som”. Então isso não tem preço. Na verdade sempre fomos convidados
pelo Edu (Edu Lane, baterista da banda Nervo Chaos). A gente tem uma grande amizade, o cara
é um grande brother nosso lá de São Paulo. Tocar com essas bandas abre as
portas para você começar a divulgar o seu som de uma maneira diferente e
expandir para outros tipos de público.
Olhar: Como tem sido a
aceitação e a receptividade com relação a Satanchandising?
Danilo:Satanchandising teve
uma recepção muito boa, superou todas as expectativas que tínhamos. Vários
releases positivos e críticas construtivas. É difícil você ver algo que agrade
todo mundo. Claro que não agrada todo mundo, tem quem não gosta, mas 90% das
pessoas que ouviram Satanchandising gostaram. Eleestá abrindo muitas portas para
nós. O nome é um trocadilho, então sugere várias coisas. É muito legal alguém
te adicionar no Facebook e falar que comprou seu CD. Isso está acontecendo direto,
cada dia mais. O Satanchandising foi algo que apostamos e que deu certo, mais
do que nós esperávamos.
Olhar: As parcerias com
Thornhate Records, Rapture Records e Underground Brasil Distro contribuíram na
promoção de Satanchandising?
Andy: Nossos irmãos de longa
data, a Rapture Records, principalmente a Thornhate Records e o Tony da
FlyKintal Zine de Manaus. Eles distribuíram nosso primeiro álbum. Na hora que eu
fiz a proposta falei para os caras da banda “Os caras estão querendo abraçar a
ideia: cada um vai ajudar um pouquinho para lançar o play. E aí, vamos fechar?
Vamos, vamos”. Foi sem muita enrolação até porque os caras já conheciam o
trampo da banda e a gente já conhecia o trampo deles. Só conseguimos lançar e
ter uma receptividade legal por causa do Tony, que é do Underground Brasil
Distro/FlyKintal, do Fábio, que é da ThornhateRecords e do Gene, que é da
Rapture Records.
Olhar: Vocês concordam que existe uma semelhança entre a capa de Satanchandising e Bestial Devastation [Sepultura]?
Kleber: Vimosa base do cara
que fez a arte. No começo,não gostamos muito. Com o tempo, ele foi aprimorando
até chegar na conclusão.
Danilo: Coincidiu de parecer
com a capa do Bestial Devastation!
Andy: Mas não foi nada
intencional!
Danilo: A gente não tinha
pensado nisso e também só reparamos bem depois.
Andy: Tanto que depois
começaram a falar (aqui Andy levanta as mãos como se estivesse segurando
Bestial Devastation e Satanchandising) “Pô, idêntica!”.
Danilo: “Pô, pode crer!”.
Houve várias artes e finalizamos nela.
Olhar: Só depois que surgiu
a comparação.
Andy: A temática do CD fala um
pouco de alienação. Fala que uma pessoa chega numa determinada igreja de uma
determinada religião, por exemplo, e sai de lá totalmente alienada.Acredita num
foco pensando que está fazendo o bem, como o Kleber falou várias vezes.
Kleber: Na frente está o
bem, mas por trás está o mal.
Olhar: É interessante a
letra da primeira faixa, HumanityVictory (Kill by Power). Fala que apenas num
mundo existem várias tribos que tentam comandar as demais.
Andy: Exato, correto. O GESTOS
GROSSEIROS, na parte de letra, é bem nessa mesmo: não damos o recado na cara. Gostamos
de deixar a pessoa ler e interpretar. Sou suspeito pra falar porque eu sou
fãzaço dessa música (referindo-se a HumanityVictory), é a que eu mais gosto do
CD, e ela realmente faz essa cara.Ali está falando da alienação.
Olhar: Como aconteceu a
escolha para gravar Extreme Aggression [Kreator]?
Danilo: O Andy sugeriu e
começamos a ensaiar o som. “Vamos colocar no CD? Vamos. Precisa de autorização?”
Trocamos uma ideia com o pessoal e deu tudo certo.
Olhar: E por que no encarte
do CD está escrito Demo Version?
Andy: A masterização dela é
um pouco diferente da masterização das outras músicas do disco. Se você reparar,
até o volume dela é mais baixo do que das outras músicas.
Bruno: Ela começa aos 25
segundos...
Danilo: Porque ela não é de
gravação do CD mesmo. Ela é uma outra gravação que nós fizemos, mexemos e aí
jogamos no CD.
Kleber: Para a banda foi
justo porque, quando começamos, o Kreator foi uma dosgrupos que ajudou a
definir nosso estilo de tocar.
Olhar: Foi difícil para uma
banda que já tem mais de dez anos de estrada e dois álbuns lançados a saída do
baixista e vocalista Índio?
Andy: O Índio é um grande
brother nosso.Tivemos algumas divergências musicais e problemas particulares. Ele
saiu da banda uma vez, ficamos parados uns três ou quatro meses, depois pedimos
para ele voltar e ele voltou, só que já não era a mesma química. A banda não
pode acabar por causa de um membro. Aconteceu com ele, mas poderia ter
acontecido comigo, com o Kleber, com qualquer um. Zelamos pelo nome da banda. A
prioridade não é um membro e sim a banda. Se, por acaso, não der pra eu tocar
um show, ele (indicando Danilo como exemplo) tocar um show e a gente puder
substituir alguém para um show, desde que todo mundo concorde, não vemos nada
demais nisso. Várias bandas fazem isso.O Índio saiu, mas contribuiu muito.O GESTOS
GROSSEIROS só é o que é por causa do Índio também, afinal era o frontman. E
entrou o Danilo pra assumir as quatro cordas, agora cinco. Foi tudo numa boa. Toquei
com ele (Índio) dez anos, o Kleber também, mas eu conheço o Índio há vinte
anos. É irmão mesmo!
Olhar: O que vocês esperaram do público amapaense?
Andy: Pelo que acompanhamos
na Internet, divulgação, pessoal mandando e-mail, mandando mensagem, falando “Traz
camiseta, traz CD que a gente quer adquirir”, a expectativa é a melhor
possível. Temos acompanhado a cena também, vemos que várias bandas estão
começando a tocar aqui. Estamos passando aqui para fazer história, não para ser
só mais uma banda.Queremos chegar aqui, respeitar os headbanguers, fazer um
puta show para os guerreiros e tentar voltar aqui, né Danilo? (risos)
Danilo: Com certeza! A nossa
intenção é sempre voltar por onde passou, porque se você volta é porque
agradou. Sempre procuramos fazer um show bom, respeitando todo mundo para um
dia poder voltar e fazer um show melhor ainda, e para uma outra vez voltar e
fazer outro show melhor ainda e assim por diante.
Olhar: Querem dar um recado
final, uma palavra final?
Danilo: Quero mandar um
salve pra galera, para os headbanguers do Amapá e região e agradecer pela
entrevista. Foi um dos melhores shows que já fizemos.
Andy: Agradecer você pela
dedicação, um guerreiro do Metal assim como todo mundo. Pode ter certeza que o GESTOS
GROSSEIROS sempre apresentou 110% no palco.
Kleber: Quero agradecer a
você pela entrevista eos headbanguers que foram ao show. Se depender da gente
vamos co tinuar a dar o sangue no palco pra galera banguear aí
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