Com uma carreira
extensa, Andre Coelho Matos, o famoso Andre Matos, é mundialmente conhecido por
sua passagem pelas bandas Viper, Angra, Shaman, Virgo e Symfonia. Em carreira
solo desde 2006 e com 3 discos de estúdio, sendo The Turn of the Lights o mais recente, o músico e compositor veio a
Macapá, ministrar um workshop sobre técnicas vocais, composição e histórias
hilárias sobre sua vida. E claro, clássicos de sua carreira e das bandas pelas
quais passou foram executados, levando os presentes ao êxtase. Durante sua
recente passagem pela capital amapaense, o Blog Olhar Alternativo aproveitou a
oportunidade para conversar com o mestre. Durante nossa conversa, Matos revelou
curiosidades da carreira, nova turnê e álbum, Angels Cry, Viper e expectativa
da apresentação no Rock in Rio. Confira!
Por
Jéssica Alves e Bruno Monteiro
Bruno
Monteiro: O álbum Theatre of Fate tem
letras melancólicas e melodias alegres, dançantes até. Comente sobre esse
contraste entre esses dois elementos.
Andre
Matos: Acho interessante esse contraste. No caso das
músicas que você citou (N.E.: To Live
Again, Living for the Night e Prelude to Oblivion), não compus nenhuma
delas, foi o Pit Passarel, (N.E: Matos compôs a faixa Moonlight). É uma característica do Viper. É interessante porque
você destaca uma coisa da outra. Esse tipo de contraste acaba diferenciando uma
música das demais composições.
Bruno:
Você começou sua carreira no Viper com 13 anos. Nunca ouviu comentários
negativos pelo fato de você ser muito novo?
Matos:
Haviam brincadeiras. O pessoal nos chamava de boy band, de Menudos do Metal.
Como naquela época não havia internet, nem celular o que é uma benção (risos),
esse tipo de comentário não chegava a nós, era raro. Víamos um comentário ou
outro através de um fanzine, de uma revista, mas eram comentários oficiais
sobre algo que você fez, de fãs, do pessoal que ia aos shows. Era muito raro
você ter contato com esse tipo de comentário como se tem hoje em dia através da
internet. Nada que me desencorajasse a seguir fazendo o que eu queria fazer. E
nós não éramos a única banda de garotos. Talvez fôssemos bem mais jovens que as
demais, mas o pessoal nos respeitava. As bandas mais velhas, que eram nossos
ídolos, nossas referências, tinham muito carinho por nós pelo fato sermos
pequenos ali e estarmos nos esforçando.
Jéssica
Alves: Qual a sua sensação quando você vai tocar pela primeira vez em uma
cidade e apresentar seu trabalho a um público novo, como por exemplo, aqui em
Macapá?
Matos:
É uma boa sensação. Antes de chegar, não se sabe muito bem o que esperar, mas
tem mais ou menos uma ideia em função dos comentários que recebe. Sabe que tem
um público fiel em vários cantos. Quando você chega num lugar onde você é muito
bem recebido e o pessoal é muito atencioso com você, esse foi o caso. Estou há
algumas horas aqui na cidade de Macapá (N.E no dia 4 de abril). Infelizmente,
não vou poder ficar mais tempo, mas pretendo voltar em breve, provavelmente com
o show da banda. Estou ansioso pela apresentação e, em cada lugar que você faz
um workshop, uma master class, você vai conhecer visões de mundo diferentes,
vai conhecer dúvidas diferentes das pessoas com relação à música que muitas
vezes até coincidem, independente do local. Isso é o que é mais interessante,
talvez, para entender as diferenças e as semelhanças que existem independente
de onde você esteja.
Jéssica:
Recentemente, você iniciou a turnê do novo álbum (The Turn of the Lights) que
também vai celebrar os 20 anos de Angels
Cry (Angra), que foi um marco na sua carreira. Como você vê essa
oportunidade de divulgar o seu novo álbum e ao mesmo tempo celebrar?
Matos:
Foi uma coincidência. O Turn of the Lights saiu ano passado e a gente não pôde
começar a turnê devido a uma coincidência de ter engatado com a turnê de
comemoração do Viper. Então ficou combinado que começaríamos este ano.
Justamente bateu a data dos 20 anos do Angels Cry. E aprendemos no ano passado
que essa coisa de se fazer um tributo a um disco que foi um marco histórico dá
muito certo com os fãs, eles querem isso, pedem isso. Por isso a ideia de fazer
o Angels Cry, fazer a mesma experiência que a gente fez com o Viper ano
passado. Já começamos a turnê e deu pra perceber que foi uma ótima ideia, mas
dificílima, vocalmente falando.
Bruno:
De modo geral, como está atualmente a repercussão do disco The Turn of the
Lights?
Matos:
Nós recebemos nota 90 de 100 na Burn Magazine, do Japão, que é a revista
tradicional de lá, que foi a nota mais alta em um disco em toda a minha
carreira. Recebemos resenhas excelentes na Europa inteira, o disco saiu no dia
25 países na Europa. O disco está sendo lançado agora este mês nos Estados
Unidos e América do Norte, então ainda está um suspense. E no Brasil foi eleito
o melhor disco de 2012 por meios especializados (N.E: Exemplo: site Whiplash e
revista Roadie Crew) e foi o disco mais vendido de metal de 2012. Então não
posso reclamar, a única coisa que faltou de fato foi a turnê do disco, que está
iniciando.
Jéssica:
Você citou a turnê com o Viper. Gostaria de saber como foi esse reencontro e a
expectativa para tocar no Rock in Rio, com eles e sua banda solo?
Matos:
O reencontro estávamos planejando há anos, sem nunca dar certo, devido a falta
de tempo, cada um trabalhava em uma coisa. Mas de qualquer maneira, a gente
sempre continuou amigos, se vendo, morando no mesmo bairro, continuando a
amizade de adolescência e sempre pintou a ideia. Mas sempre aquele papo de
boteco (risos), dizendo apenas ‘quando der vamos’. Até que o pessoal do
Wikimetal, que são amigos nossos da época de formação do Viper, e são muito fãs
da banda e resolveram entrevistar um por um da banda e a sempre perguntavam: se
rolasse uma volta do Viper, você toparia? E a resposta era sempre; Lógico. E um
dia eles arrumaram uma reunião com todo mundo e inclusive o Yves Passarel
estava junto e começamos a falar sério; Planejamos uma turnê comemorativa,
celebrando os 25 anos do primeiro disco, “Soldier
of Sunrise”. E acabou acontecendo e foi um sucesso. Uma turnê que era para
acontecer somente em 20 dias, se estendeu por mais 4 meses, se fazendo mais de
40 anos. E foi um registrado um DVD, que está em processo de finalização e em
breve os fãs poderão ter esse material. E o legal foi isso, a repercussão do
DVD e ocorreu o convite para Andre Matos solo tocar no Rock in Rio. Como iremos
tocar no palco Sunset, podemos ter um convidado e o mais natural foi o Viper.
Pra mim é um prazer mútuo e a expectativa é grande.
Bruno:
Já que você citou os shows comemorativos aos 20 anos de Angels Cry, como você
vê esse trabalho hoje? O que ele representa para você?
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