Seja ele um gênio, um louco, um satânico, um revolucionário ou o pai o rock, Raul Seixas é de fato o maior representante da sociedade alternativa brasileira, através da música contemporânea. Seu estilo totalmente atemporal, criativo, poético, entre tantos outros adjetivos possui o poder de tocar gente de toda idade, de toda cor e credo. Ou até mesmo os que não crêem em nada.
Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se deve aos ideais que reivindicou, como a Sociedade Alternativa apresentada no álbum “Gita” (1974), influenciado por figuras como o místico inglês Aleister Crowley.
No dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos, morria o mais aclamado roqueiro do Brasil, vítima de uma pancreatite, ocorrida por anos de abuso de álcool. E o eterno Maluco Beleza, que há 25 anos terminava sua jornada no mundo da música, deixa saudades. Passaram - se duas décadas de sua partida e ainda conquista muitos fãs que nem viveram a sua época, mas cantam suas músicas. Em todo o Brasil, anualmente, em meados de agosto, são realizados tributos para homenageá-lo.
Nascido em Salvador, em 1945, Raul Santos Seixas foi uma dos nomes mais importantes na popularização do rock no Brasil. Eclético e adepto da filosofia ocultista de Aleister Crowley, trouxe um olhar ao mesmo tempo reverente e iconoclasta sobre ritmo de Elvis Presley. Ao rock clássico, que dominava como ninguém, fazia questão de adicionar elementos regionais, como o balanço nordestino do baião e os acordes da música caipira e ate do choro.
Um grande músico brasileiro que devido a sua importância, eternizou o grito obrigatório em qualquer show ou apresentação no Brasil: "Toca Raul". Mesmo 25 anos depois de morrer, Raul é um dos artistas mais queridos e regravados do Brasil. Tem uma legião de seguidores e coleciona fãs famosos. Desde os desafetos Lobão e Caetano Veloso –que brigaram por sua causa–, passando por Lucas Santtana, Pitty e os sertanejos Zezé di Camargo e Luciano. Até Bruce Springsteen já rendeu homenagem a Raulzito, ao abrir sua última turnê no Brasil, em 2013, com "Sociedade Alternativa".
Nos cinemas, Seixas foi tema de um documentário do diretor Walter Carvalho, em 2012, sucesso de crítica. Atualmente, pode ser visto no longa "Não Pare na Pista", cinebiografia do amigo e parceiro espiritual Paulo Coelho, na pele do ator Lucci Ferreira.
Clássicos da música brasileira e também de uma mudança de paradigma geracional, "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa", "Metamorfose Ambulante" e "Maluco Beleza" jamais deixaram de encontrar ecos nas rádios, nos discos físicos e nas playlists da internet –e dificilmente um dia deixarão. Entenda a seguir por que o pai da Sociedade Alternativa continua entre nós.
Documentário
Dirigido por Walter Carvalho, "Raul, o Início, o Fim e o Meio" (2012) reconta em minúcias o percurso de Raul Seixas por meio de depoimentos de parentes, amigos, parceiros e jornalistas. Foram 200 horas de entrevistas com 94 pessoas. Em uma entrevistas, com Paulo Coelho, uma mosca pousa solenemente na face do escritor, entrevistado em sua casa na Suíça. "Interessante, não há moscas em Genebra. É Raul", brinca.
Bruce toca Raul
Bruce Springsteen havia se apresentado pela última vez no Brasil em 1988, um ano antes da morte de Raul Seixas. A espera teve fim em outubro de 2013, simplesmente ao som de "Sociedade Alternativa", executada com acento gospel e com direito a um macarrônico –porém esforçado—português do autor de "Born to Run". Bruce, que tem o costume de tocar músicas de artistas locais, pediu sugestão ao jornalista Álvaro Pereira Júnior, que sugeriu Raul após consultar o amigo e também jornalista André Forastieri.
Filme sobre Paulo Coelho
Dirigido por Daniel Augusto, o longa "Não Pare na Pista" estreou nesta quinta, com a história do escritor e parceiro musical de Raul Seixas, um dos vendedores de livros do mundo. Focado na adolescência, juventude e atualidade do autor carioca, o filme mostra o encontro dos dois, nos anos 1970, amizade com tons de misticismo que teve como frutos músicas como "Al Capone", "Sociedade Alternativa" e "Eu Nasci Há 10 Mil Anos Atrás". Nas telas, Raul é interpretado pelo ator Lucci Ferreira.
Bloco Toca Rauuul
Criado por um grupo de amigos em 2011, o bloco carioca Toca Rauuul faz, no Carnaval no Rio, releituras de Raul Seixas em ritmos como frevo, samba, marchinha e maracatu. A festa reúne cerca de 20 mil foliões na Praça Tiradentes, centro da capital fluminense. Com um forte apelo visual, com figurinos, adereços, bonecos e efeitos visuais, os foliões atravessam todas as fases da carreira do músico. Jimi Hendrix, Bob Marley e até Carlos Gomes também entram na dança.
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