Por: Jéssica Alves
Fotos: Thiago Gama
Na semana passada, o conceituado
músico Marcelo Barbosa - guitarrista das bandas Almah, Khallice e o projeto
Brasília Zero 10 - esteve pela segunda vez em Macapá, para a
realização de um workshop, no dia 27 de junho, no Centro de Convenções João
Batista de Azevedo Picanço.
E pode-se dizer que desde cedo a
música está presente na vida do rapaz, pois desde os 17 anos já era músico
profissional, ministrando aulas em Brasília, em duas grandes escolas. Aos 21,
iniciou os trabalhos do Instituto GTR, escola de música cuja metodologia foi
desenvolvida por ele próprio e que vem crescendo a cada dia, que há 16 anos é
considerada conceito no país, com duas unidades na capital do país e uma em Florianópolis
(SC), fundada recentemente. Seu currículo impecável ainda conta com uma bolsa de estudos na Berklee College of Music - a mais conceituada faculdade de música do mundo, localizada nos Estados Unidos - a qual ele foi selecionados entre 400 concorrentes de todas as partes do mundo.
Em uma entrevista concedida para o
blog, Marcelo relatou sobre o seu trabalho musical, editorial (escreve para a
revista especializada “Cover Guitarra” e é autor de um livro sobre a “Técnica
do Toque de Mestre”), Almah, Metal Open Air, entre outros assuntos. Um músico
com tanta personalidade e história, não poderia ficar de fora do Olhar
Alternativo.
Olhar
Alternativo – Ano passado você esteve presente no Amapá tocando com a banda
Angra, substituindo o Kiko Loureiro e agora estará ministrando um workshop.
Como foi essa experiência de tocar com o Angra e o que você aponta de
diferencial em ministrar workshops?
Primeiramente vim com o Angra tocar em
Macapá e nesta época o Kiko estava na Finlândia, acompanhando sua esposa que na época estava grávida e por isso ele se ausentou e alguns shows. A pedido dele próprio, o substituí neste período e por sinal, tive pouco tempo de tirar as músicas, pois ter cinco dias para ensaiar 15 músicas e ainda do Angra, é algo a se pensar (risos). Mas o show aqui em Macapá foi bem bacana, pois foi o encerramento de um clico que eu toquei com a banda. Na noite anterior, tocamos em um grande festival de Brasília, o Porão Rock, e achei bacana virmos para o Amapá, apesar da minha família ser de Belém (PA), Macapá era uma cidade que eu não sabia quando teria a oportunidade de conhecer e fiquei muito feliz de tocar para esse público bacana e bem interessante. Fiquei feliz quando recebi o convite para retornar a capital e mostrar também no workshop o meu trabalho como músico e professor de música. O work é um trabalho que gosto muito de fazer, pois além da maior interação, posso divulgar melhor meu trabalho, a minha vida e a minha forma de ver e fazer música.
Olhar - Você se dedica a diversas atividades, com três bandas, um
projeto instrumental e ainda possui uma escola de música. Como surgiu a ideia
de fundar o Instituto de Música GTR?
Marcelo - Pois é, acho que talvez eu
seja hiper-ativo ou coisa assim (risos). Paralelamente aos projetos que você
citou me dedico muito a projetos didáticos. Desde cedo decidir ser músico e
viver disso, por isso comecei a dar aulas aos 17 anos de idade em escolas
de outras pessoas. Mas ao mesmo tempo me incomodava o fato de muitos músicos
terem a insegurança, lá em Brasília, de a cidade não oferecer ambientes propícios
do aprendizado musical de alta qualidade e com o objetivo de ir em frente,
apostando nos músicos. Como eu não consegui isso nas escolas que eu dei aula,
acabei por conta própria alugando uma sala, que depois virou uma sala maior,
depois uma loja maior de 3 andares, e
hoje em dia, temos 2 unidades em Brasília e outra inaugurada em Florianópolis.
Me vi empresário, foi algo que aconteceu de uma necessidade, queria viver de
musica, da melhor maneira que eu conseguisse, para mim foi algo mais fácil e
natural, pois fui em busca desse objetivo.
Olhar - Além da música, você também escreveu um livro, falando da técnica
do toque de mestre, como foi isso?
Marcelo - Na verdade eu escrevi
todo o material didático do GTR, e um amigo meu inaugurou uma rede de escolas
com aulas de bateria, o Batera Beach (que posteriormente virou Music Beach) e
ele me chamou para escrever para a guitarra metodologia, que tem na Espanha e
em Brasília e o Toque de Mestre é uma apostila, em forma de livro, e fui colunista
da Cover Guitarra e na época eles chamaram vários guitarristas para escrever
sobre métodos específicos, e eu escrevi sobre o toque de mestre, que eu falei
sobre essa técnica desenvolvida, foi bem vendido e eu curti muito fazer.
Olhar – Você foi aos Estados Unidos estudar na prestigiada Berklee
College Of Music, uma conceituada faculdade de música. Defina essa experiência.
Marcelo – Foi a realização de um
sonho, pois queria esse feito desde a minha adolescência. Quando consegui
juntar um dinheirinho, em 2002 pintou a oportunidade de fazer esse curso que
era um intensivo de cinco semanas, juntei o que eu tinha de dinheiro na época,
fui e foi uma experiência muito legal porque mudou alguns paradigmas em relação
a interação entre músicos. A prova disso foi que entre mais de 400 guitarristas
do mundo inteiro eles selecionaram 14 desses para ganhar uma bolsa de estudos,
voltar a Berklee para fazer o curso regular, e fui um desses 14 guitarristas,
então isso foi muito legal pois valorizou muito minha carreira como músico.
Olhar - Além das bandas de metal Almah e Khallice, você toca em uma
banda de pop rock chamada Brasilia Zero 10. Como é esse seu trabalho?
Marcelo - Na verdade, é algo
diferente de trabalho, porque ate hoje estou na banda, temos uma agenda lotada,
tocamos todo sábado em Brasília, e é formada por amigos de infância que curtem
musica boa. Sempre escutei musicas mais pops, de qualidade como Simple Red e
gosto de escutar e estudar outros estilos. Gostamos de tocar musicas pop com
roupagem mais rock and roll. É uma banda que além de fazer parte da minha fonte
de renda, também é muita diversão, e quando tenho que viajar, acabo colocando
algum ex-aluno para tocar em meu lugar. Às vezes fico meses sem aparecer, e acabo virando uma “participação
especial” (risos).
Olhar - Dentre suas bandas, o Almah, projeto iniciado por Edu Falaschi
do Angra, é o que mais vemos na mídia. É a sua prioridade?
Marcelo: Atualmente sim.
Investimos muito tempo e energia neste projeto e devido ao fato do Edu e do
Felipe Andreoli tocarem na banda, conquistamos rapidamente um certo espaço.
Isso é uma coisa que não podemos simplesmente ignorar. Ninguém vai plantar
laranja se está na época de maçãs. Mas isso não quer dizer que os outros
projetos estão parados. Eu apenas tive que readaptar a minha vida para essa
realidade relativamente nova.
Olhar - O Edu Falaschi informou em seu Twitter uma nova música para o
próximo álbum do Almah. Como você define
o processo de trabalho na banda?
É diferente porque cada um mora
em lugares diferentes e o Edu é um grande compositor, está sempre compondo
facilmente, as vezes estamos viajando de avião, tem uma ideia, grava e nos
mostra, então ele esta sempre criando, tem uma mente que trabalha muito. Muitas
vezes a maior parte das musicas surgem por parte do Edu, que em o esqueleto da
musica, com refrão e ritmo e chagamos com as partes instrumentais, solos,
discute harmonia, ritmo. Há musicas específicas, como por exemplo a ultima
musica do Motion (2011),"When And Why", que eu já tinha a introdução dela pronta e
compus com o Edu em menos de 40 minutos, enquanto o pessoal trabalhava no
arranjo das demais musicas, já tínhamos uma nova, É algo bacana, transformar as
partes individuais em uma coisa em conjunto.
Olhar – O Almah, passou rapidamente por duas mudanças em sua formação,
com a saída do Paulo Schroeber, por motivos de saúde, e o Felipe Andreoli. Como
está a interação com o novo membro, Gustavo de Pádua?
Marcelo - Eu já conhecia o
Gustavo há um tempo, desde a Feira de Música em São Paulo, Expomusic e ele é
patrocinado por uma marca de pedais (NIG) que também me patrocina. Apesar do
entrosamento com o Paulo ter ocorrido naturalmente, pois ele exímio
guitarrista, super gente fina e tranquilo, com o Gustavo a coisa foi mais fácil,
porque ele curte outras coisas além do metal. O Paulo é um cara com veia no
thrash metal e o Gustavo veio trazer um swing, groove e por esse lado, ele vai
somar com o Almah. O Paulo saiu por motivos de saúde, e sempre vai ser o nosso
amigo e companheiro no Almah. Até tinha a ver um negão e um loirão nas guitarras (risos).
Olhar – Em 2012, a banda realizou um show elogiado no Metal Open Air,
em São Luís (MA), tocando de graça para milhares de fãs. Apesar disso, banda
recebeu críticas. Como vocês lidaram com essa situação?
Marcelo – Bom, nós já estávamos na
cidade, o público estava lá, a banda completa, optamos por tocar, apesar dos
problemas. Fomos ao São Luís confiando na palavra da produção, e acabamos
tocando de graça, que profissionalmente foi um problema, normalmente não
iríamos aceitar. Mas por outro lado, quisemos respeitar o nosso público, não
tocamos para alavancar o nome do festival e nem de quem o produziu. Tocamos
para os nossos fãs, que viajaram de outras cidades e também que moram em São
Luís e pagaram para ver nossa banda. Claro que compartilhamos toda a indignação,
mas não queríamos ficar no hotel, queríamos tocar e fizemos isso. O resultado
foi um show maravilhoso, o qual não me arrependo de nada e se pudesse, faria de
novo, em respeito a nosso público.
Entrevista foda e fotos lindas!
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Hanna Paulino - HidraH