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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Marcelo Barbosa: música mesclada com a vida





Por: Jéssica Alves

Fotos: Thiago Gama

Na semana passada, o conceituado músico Marcelo Barbosa - guitarrista das bandas Almah, Khallice e o projeto Brasília Zero 10 - esteve pela segunda vez em Macapá, para a realização de um workshop, no dia 27 de junho, no Centro de Convenções João Batista de Azevedo Picanço.

E pode-se dizer que desde cedo a música está presente na vida do rapaz, pois desde os 17 anos já era músico profissional, ministrando aulas em Brasília, em duas grandes escolas. Aos 21, iniciou os trabalhos do Instituto GTR, escola de música cuja metodologia foi desenvolvida por ele próprio e que vem crescendo a cada dia, que há 16 anos é considerada conceito no país, com duas unidades na capital do país e uma em Florianópolis (SC), fundada recentemente. Seu currículo impecável ainda conta com uma bolsa de estudos na Berklee College of Music -  a mais conceituada faculdade de música do mundo, localizada nos Estados Unidos - a qual ele foi selecionados entre 400 concorrentes de todas as partes do mundo.

Em uma entrevista concedida para o blog, Marcelo relatou sobre o seu trabalho musical, editorial (escreve para a revista especializada “Cover Guitarra” e é autor de um livro sobre a “Técnica do Toque de Mestre”), Almah, Metal Open Air, entre outros assuntos. Um músico com tanta personalidade e história, não poderia ficar de fora do Olhar Alternativo.

Olhar Alternativo – Ano passado você esteve presente no Amapá tocando com a banda Angra, substituindo o Kiko Loureiro e agora estará ministrando um workshop. Como foi essa experiência de tocar com o Angra e o que você aponta de diferencial em ministrar workshops?

Primeiramente vim com o Angra tocar em Macapá e nesta época o Kiko estava na Finlândia, acompanhando sua esposa que na época estava grávida e por isso ele se ausentou e alguns shows. A pedido dele próprio, o substituí neste período e por sinal, tive pouco tempo de tirar as músicas, pois ter cinco dias para ensaiar 15 músicas e ainda do Angra, é algo a se pensar (risos). Mas o show aqui em Macapá foi bem bacana, pois foi o encerramento de um clico que eu toquei com a banda. Na noite anterior, tocamos em um grande festival de Brasília, o Porão Rock, e achei bacana virmos para o Amapá, apesar da minha família ser de Belém (PA), Macapá era uma cidade que eu não sabia quando teria a oportunidade de conhecer e fiquei muito feliz de tocar para esse público bacana e bem interessante. Fiquei feliz quando recebi o convite para retornar a capital e mostrar também no workshop o meu trabalho como músico e professor de música. O work é um trabalho que gosto muito de fazer, pois além da maior interação, posso divulgar melhor meu trabalho, a minha vida e a minha forma de ver e fazer música.

Olhar - Você se dedica a diversas atividades, com três bandas, um projeto instrumental e ainda possui uma escola de música. Como surgiu a ideia de fundar o Instituto de Música GTR?

Marcelo - Pois é, acho que talvez eu seja hiper-ativo ou coisa assim (risos). Paralelamente aos projetos que você citou me dedico muito a projetos didáticos. Desde cedo decidir ser músico e viver disso, por isso comecei a dar aulas aos 17 anos de idade em escolas de outras pessoas. Mas ao mesmo tempo me incomodava o fato de muitos músicos terem a insegurança, lá em Brasília, de a cidade não oferecer ambientes propícios do aprendizado musical de alta qualidade e com o objetivo de ir em frente, apostando nos músicos. Como eu não consegui isso nas escolas que eu dei aula, acabei por conta própria alugando uma sala, que depois virou uma sala maior, depois uma loja maior de 3 andares, e  hoje em dia, temos 2 unidades em Brasília e outra inaugurada em Florianópolis. Me vi empresário, foi algo que aconteceu de uma necessidade, queria viver de musica, da melhor maneira que eu conseguisse, para mim foi algo mais fácil e natural, pois fui em busca desse objetivo.

Olhar - Além da música, você também escreveu um livro, falando da técnica do toque de mestre, como foi isso?

Marcelo - Na verdade eu escrevi todo o material didático do GTR, e um amigo meu inaugurou uma rede de escolas com aulas de bateria, o Batera Beach (que posteriormente virou Music Beach) e ele me chamou para escrever para a guitarra metodologia, que tem na Espanha e em Brasília e o Toque de Mestre é uma apostila, em forma de livro, e fui colunista da Cover Guitarra e na época eles chamaram vários guitarristas para escrever sobre métodos específicos, e eu escrevi sobre o toque de mestre, que eu falei sobre essa técnica desenvolvida, foi bem vendido e eu curti muito fazer.

Olhar – Você foi aos Estados Unidos estudar na prestigiada Berklee College Of Music, uma conceituada faculdade de música. Defina essa experiência.

Marcelo – Foi a realização de um sonho, pois queria esse feito desde a minha adolescência. Quando consegui juntar um dinheirinho, em 2002 pintou a oportunidade de fazer esse curso que era um intensivo de cinco semanas, juntei o que eu tinha de dinheiro na época, fui e foi uma experiência muito legal porque mudou alguns paradigmas em relação a interação entre músicos. A prova disso foi que entre mais de 400 guitarristas do mundo inteiro eles selecionaram 14 desses para ganhar uma bolsa de estudos, voltar a Berklee para fazer o curso regular, e fui um desses 14 guitarristas, então isso foi muito legal pois valorizou muito minha carreira como músico.

Olhar - Além das bandas de metal Almah e Khallice, você toca em uma banda de pop rock chamada Brasilia Zero 10. Como é esse seu trabalho?

Marcelo - Na verdade, é algo diferente de trabalho, porque ate hoje estou na banda, temos uma agenda lotada, tocamos todo sábado em Brasília, e é formada por amigos de infância que curtem musica boa. Sempre escutei musicas mais pops, de qualidade como Simple Red e gosto de escutar e estudar outros estilos. Gostamos de tocar musicas pop com roupagem mais rock and roll. É uma banda que além de fazer parte da minha fonte de renda, também é muita diversão, e quando tenho que viajar, acabo colocando algum ex-aluno para tocar em meu lugar. Às vezes fico  meses sem aparecer, e acabo virando uma “participação especial” (risos).

Olhar - Dentre suas bandas, o Almah, projeto iniciado por Edu Falaschi do Angra, é o que mais vemos na mídia. É a sua prioridade?

Marcelo: Atualmente sim. Investimos muito tempo e energia neste projeto e devido ao fato do Edu e do Felipe Andreoli tocarem na banda, conquistamos rapidamente um certo espaço. Isso é uma coisa que não podemos simplesmente ignorar. Ninguém vai plantar laranja se está na época de maçãs. Mas isso não quer dizer que os outros projetos estão parados. Eu apenas tive que readaptar a minha vida para essa realidade relativamente nova.

Olhar - O Edu Falaschi informou em seu Twitter uma nova música para o próximo álbum do Almah.  Como você define o processo de trabalho na banda?

É diferente porque cada um mora em lugares diferentes e o Edu é um grande compositor, está sempre compondo facilmente, as vezes estamos viajando de avião, tem uma ideia, grava e nos mostra, então ele esta sempre criando, tem uma mente que trabalha muito. Muitas vezes a maior parte das musicas surgem por parte do Edu, que em o esqueleto da musica, com refrão e ritmo e chagamos com as partes instrumentais, solos, discute harmonia, ritmo. Há musicas específicas, como por exemplo a ultima musica do Motion (2011),"When And Why", que eu já tinha a introdução dela pronta e compus com o Edu em menos de 40 minutos, enquanto o pessoal trabalhava no arranjo das demais musicas, já tínhamos uma nova, É algo bacana, transformar as partes individuais em uma coisa em conjunto.

Olhar – O Almah, passou rapidamente por duas mudanças em sua formação, com a saída do Paulo Schroeber, por motivos de saúde, e o Felipe Andreoli. Como está a interação com o novo membro, Gustavo de Pádua?

Marcelo - Eu já conhecia o Gustavo há um tempo, desde a Feira de Música em São Paulo, Expomusic e ele é patrocinado por uma marca de pedais (NIG) que também me patrocina. Apesar do entrosamento com o Paulo ter ocorrido naturalmente, pois ele exímio guitarrista, super gente fina e tranquilo, com o Gustavo a coisa foi mais fácil, porque ele curte outras coisas além do metal. O Paulo é um cara com veia no thrash metal e o Gustavo veio trazer um swing, groove e por esse lado, ele vai somar com o Almah. O Paulo saiu por motivos de saúde, e sempre vai ser o nosso amigo e companheiro no Almah. Até tinha a ver um negão e um loirão nas guitarras (risos).


Olhar – Em 2012, a banda realizou um show elogiado no Metal Open Air, em São Luís (MA), tocando de graça para milhares de fãs. Apesar disso, banda recebeu críticas. Como vocês lidaram com essa situação?

Marcelo – Bom, nós já estávamos na cidade, o público estava lá, a banda completa, optamos por tocar, apesar dos problemas. Fomos ao São Luís confiando na palavra da produção, e acabamos tocando de graça, que profissionalmente foi um problema, normalmente não iríamos aceitar. Mas por outro lado, quisemos respeitar o nosso público, não tocamos para alavancar o nome do festival e nem de quem o produziu. Tocamos para os nossos fãs, que viajaram de outras cidades e também que moram em São Luís e pagaram para ver nossa banda. Claro que compartilhamos toda a indignação, mas não queríamos ficar no hotel, queríamos tocar e fizemos isso. O resultado foi um show maravilhoso, o qual não me arrependo de nada e se pudesse, faria de novo, em respeito a nosso público.

Um comentário:

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