Há 20 anos, um verdadeiro clássico do heavy metal brasileiro surgiu para fazer história na música tupiniquim. "Angels Cry" álbum de estreia da banda Angra foi lançado em 1993 com uma ideia que era tendência na década de 90: fazer um power metal na vertente melódica, mas que ao mesmo tempo cravava um diferencial. Os ritmos brasileiros que estavam presentes nas músicas formaram uma característica fundamental na banda.
Lançado primeiramente no Japão , o álbum foi gravado na Alemanha (estúdio de Kai Hansen - ex guitarrista e vocalista do Helloween e atual frontman do Gamma Ray). Na época, a banda era formada por Andre Matos (ex-Viper) Kiko Loureiro, Rafael Bittencourt, Luis Mariutti e Ricardo Confessori, que não gravou a bateria em estúdio, entrou na banda quando a turnê iniciou. Foi Mathias Burchardt que assumiu a maioria das canções. Já Thomas Nack (Gamma Ray) gravou a música Wuthering Heights".
Logo o trabalho dos jovens brasileiros chamou a atenção da mídia, seja a especializada apontando o novo talento brasileiro ou a mídia em geral, que viu algo inédito em jovens cantando na língua inglesa. Seja pelo que for, "Angels Cry" é um marco do metal brasileiro, com suas canções aceleradas, ritmos marcantes, misturando o melhor heavy metal com música erudita e ritmos brasileiros. Um trabalho que merece ser apreciado com respeito, pois marcou uma geração de novos fãs e conquista até hoje em dia novos apreciadores, pois partir do momento que ele foi lançado, em novembro de 1993, o Heavy Metal brasileiro mostrava uma nova face, e conquistava o mundo. Algo somente adquirido antes com o Sepultura e o Viper.
Formada em 1991 na cidade de São Paulo pelo já renomado vocalista e tecladista Andre Matos, que fez sucesso com os também paulistanos do Viper, e os guitarristas Andre Linhares e Rafael Bittencourt, que também já possuiam relavância no cenário metal da época, os caras já chegavam com status de “super banda”. Logo após se juntaram ao grupo os músicos Luis Mariutti (baixo) e Marco Antunes (bateria). Estava pronta a primeira formação do Angra!
O álbum acabou se tornando um dos maiores clássicos da banda, trazendo o hino Carry On, além das excelentes Evil Warning e Angels Cry. Outro ponto alto da “bolacha” é a cover da música Wuthering Heights, da Kate Bush, onde André Matos demonstra todo o seu alcance vocal.
Com 20 anos de aniversário deste clássico, um verdadeiro cartão de boas vindas, nada mais justo do que comemorar em alto estilo. E a banda o fez! Além de gravar um DVD (que da formação original há a alteração do vocalista, com o competente Fabio Lione ocupando os vocais, e no baixo, com Felipe Andreoli no lugar de Hugo Mariutti) a banda lançou uma cerveja que leva o mesmo nome do já citado álbum: Angles Cry.
Faixa a Faixa
O álbum se inicia com a introdução Unfinished Allegro, que trata de uma adaptação feita por André Matos a obra de Franz Schubert, compositor erudito do século 19, mostrando a influência que o Angra traria para o Heavy Metal, principalmente para o Power Metal melódico. A segunda música é o hino Carry On, o maior sucesso do Angra até hoje, uma música rápida, com vocais altos e um refrão marcante. O álbum segue com Time, a faixa-título Angels Cry e Stand Away, uma trinca que mostra, desde influências de erudito ao heavy metal, com grande potência vocal de Matos, guitarras inspiradas de Kiko e Rafael, baixo bem marcado de Mairutti e baterias bem gravadas. A faixa título é um grande destaque, com seus aproximadamente seis minutos de duração e as variações de tempo bem executadas.
A sexta música é Never Understand, se inicia aqui a junção do Heavy Metal com música brasileira, que no futuro seria muito utilizada por bandas como Sepultura, Aquaria, Glory Opera e pelo próprio Angra, mais fortemente no álbum seguinte, Holy Land (1996). Esta música possui um baião, com pintadas de forró tradicional e segue com o Power Metal, uma mistura muito interessante; no final desta música, existe uma espécie de competição de solos de guitarra, entre os brasileiros Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt e os alemães Sascha Paeth, Dirk Schlachter e Kai Hansen (os dois últimos, ambos Gamma Ray).
A sétima música é a já citada cover, Wuthering Heights, mas vale fazer todo um comentário. Uma versão que para muitos agradou até mais que a versão original, já que nela possui uma linha vocal que poucas vezes foram vistas/ouvidas. André Matos mostra toda sua técnica e expansão vocal, confundindo muitos que se trata de uma mulher que está cantando; a potência de voz nesta música é tanta, que podemos dizer que é de fazer inveja à Celine Dion.
O álbum segue com a faixa Street of Tomorrow, com um inicio lembrando o Pantera, após temos Evil Warning, uma música que traz todos os elementos do Angra até então, erudito, música brasileira, Power Metal, um belo solo de baixo executado por Luís Mariutti, e vocais em coro, fazendo o ouvinte prever que o álbum está chegando ao fim, não pelo motivo de ser a penúltima música, mas pela sensação de final de batalha/filme/jogo. Para encerrar o álbum temos Lasting Child, com toda a influência erudita de André Matos sendo executada.
A Capa
Definitivamente a capa de Angels Cry é uma das mais interessantes já vista no heavy metal. A capa, maravilhosa, feita por Alberto Torquato ajuda ao ouvinte a ter curiosidade sobre o trabalho.
Homenagens
E claro que a data não poderia passar em branco e este 2013 é o ano das comemorações. Mas ao contrário de muitas especulações, não houve a tão sonhada reunião da formação original do Angra, que foi muito lamentada pelos fãs. Em compensação duas turnês comemorativas estão ocorrendo para celebrar as duas décadas do álbum.
Andre Matos está atualmente em carreira solo, mas celebra o aniversário deste álbum que foi tão importante para a sua carreira, tocando o álbum na íntegra.
E o Angra, que voltou aos palcos com o vocalista italiano Fabio Lione (Rhapsody of Fire, Vision Divine, Kamelot, ex-Labyrinth, ex- Athena), visto a tamanha a importância deste álbum para o cenário mundial do Heavy Metal.
DVD
A casa de show HSBC, em São Paulo - terra natal do Angra - foi o local escolhido para o registro da turnê de 20 anos. Além dos sucessos do álbum de estreia, outros clássicos do Angra foram executados, com as participações especiais de Tarja Turunen (ex Nightwish), Uli Jon Roth (guitarrista do Scorpions) e Amilcar (baterista do Torture Squad). Em breve o registro será lançado.
Cerveja Angels Cry
Uma verdadeira tendência de grandes bandas é lançar cerveja com a marca registrada (exemplo de AC/DC e Iron Maiden) o Angra também entrou na onda e lançou a Angels Cry. Isso mesmo! O Angra acaba de lançar a cerveja Angels Cry, uma Irish Red Ale que certamente irá agradar os fãs da banda, de metal e de uma boa cerveja. O rótulo remete a capa do álbum homenageado, que é linda. Nada mais justo!
Além da já citada cerveja, a banda também colocará no mercado a cerveja Holy Land, uma Bohemian Pilsner (aguardem mais detalhes).
As duas cervejas foram feitas na cervejaria Magnus Beer, que fica no interior paulista, na cidade de Socorro. A distribuição fica por conta da Bushido Brazil, que já distribui as cervejas do Raimundos e do Sepultura.
O resultado, o álbum “Angels Cry”, que mudaria de vez o cenário musical brasileiro, e afirmaria o Angra como uma força dentro do fechado circuito europeu do Metal melódico. A banda conseguiu o impensável para um grupo brasileiro do estilo: mais de 100 mil cópias vendidas no Japão, onde, devido ao enorme e inesperado sucesso de ‘Angels Cry’, um EP fora lançado com versões remixadas de algumas faixas do disco. Na votação de ’melhores do ano’ da publicação especializada Rock Brigade, o público levou o Angra ao topo nas categorias Melhor Banda Nova, Melhor Álbum, Melhor Vocalista, Melhor Capa de Disco e Melhor Tecladista.
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