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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

The Endless River - O adeus em forma de homenagem do Pink Floyd

Capa de The Endless River, autoria de Storm Thorgerson

Depois de passados vinte anos do último lançamento de estúdio do Pink Floyd, o aclamado The Division Bell, o mundo foi surpreendido com o anúncio de mais um lançamento ligado ao grupo, The Endless River  com lançamento para ainda este ano. Eis que novembro chegou e o novo trabalho do PF, talvez o adeus definitivo é lançado e com ele, um grande clima de nostalgia e homenagem invade a atmosfera de quem aprecia este álbum, o décimo quinto de estúdio da carreira dos ingleses.

Agora o time é formado pelo guitarrista e vocalista David Gilmour, o baterista Nick Manson e as gravações criadas pelo tecladista e homenageado no novo trabalho, Rick Wright e contam ainda com a participação de Guy Pratt (baixo), Bob Ezrin (baixo), Jon Carin (teclados), Damon Iddins (teclados), Gilad Atzmon (saxofone, clarinete), Durga McBroom (backing vocals), Louise Marshal (backing vocals), Sarah Brown (backing vocals) e um quarteto de cordas formado por Chantal Leverton (viola), Victoria Lyon (violino), Helen Nash (violoncelo) e Honor Watson (violino).

David Gilmour e Nick Manson

Gilmour afirmou que o álbum é uma homenagem para Wright, que faleceu de câncer em 15 de setembro de 2008, e foi construído aproveitando-se mais de vinte horas de material que foi registrado entre 1993 e 1994, e que acabou ficando de fora de The Division Bell por diversas situações, sendo finalizado no estúdio caseiro de Gilmour durante o decorrer desse ano. Esse material é conhecido entre os fãsdo Pink Floyd como o famoso álbum de música ambiente The Big Spliff,  que nunca foi lançado oficialmente. Dentre vários aspectos envolvendo a divulgação do álbum,  os gigantescos cartazes espalhados por Estados Unidos e Inglaterra, além da afirmação de que o cientista Stephen Hawking iria participar com sua vo chamaram muita atenção da mídia, público, e claro, dos fãs. 

Mas muita atenção, nobre leitor: The Endless River não é um disco para iniciantes. Quem já ouviu Pink Floyd antes do aclamado The Dark Side of the Moon e na era e após Syd Barrett mas não simpatizou com o período então é melhor que continue ouvindo The Wall, ainda mais se o membro favorito do Pink Floyd for Roger Waters.

Rick Wright e David Gilmour

Apesar de ser o embrião do novo trabalho, The Endless River apenas se assemelha a The Division Bell, pois nesse disco, quem comanda é Rick Wright, juntamente com Gilmour. O álbum é dividido em quatro partes e ao escutar, percebi um grande clima de nostalgia. Começa com a “Things left Unsaid” uma canção meditativa que me recordou nos solos a clássica "Shine on You Crazy Diamond". Ela apresenta apenas falas do cientista e longos acordes de teclados acompanhando um triste solo de guitarra. Em “It’s What We Do” os solos do Rick são privilegiados, com andamento bem suave e pode ser comparada a parte IX de “Shine on...”  com um belíssimo órgão e a banda acompanhando.

Vinil e disco duplo de The Endless River

“Ebb and Flow”, pequena faixa com Wright ao piano elétrico e trata-se de uma continuação da primeira música que parece voltar justamente para finalizar esse instrumental da primeira parte do álbum. “Sum” abre a segunda parte do álbum com um começo bem no clima de "Welcome to The Machine", bastante meditativo nos sintetizadores de Wright que remete também ao que me recordou também “What Do You Want from Me”. Skins” é uma viagem sonora que agradará aos saudosistas da primeira parte de “A Sacerful of Secrets”, com Mason mostrando trabalho e a guitarra de Gilmour, ruidosamente com sua guitarra cheia de Delay tira aqueles sons nostálgicos mais uma vez à la “Echoes”.

“Anisina” talvez a mais bela do disco é uma melodia de piano de Richard Wright com um lindíssimo solo de Sax e o velho Gilmour ao seu estilo deixando a celebração mais primorosa ainda.uma balada muito emocionante na qual Wright brilha ao piano.

Divulgação

“The Lost Art of Conversation” uma triste faixa com Wright ao piano e muitas camadas de sintetizadorese “On Noodle Street”, nos mostra um PF Jazzístico e que apenas pontuam para “Night Light” que parece mais uma vez um fragmento da primeira música do disco.

Allons-Y (1)” é a primeira canção mais animada de The Endless River, com aquela levada marcante dos álbuns A Momentary Lapse of Reason e também repete a formula “Run Like Hell”. a qual surge depois de “Autumn’ 68″, canção nada próxima a “Summer’ 68″, apesar da citação.

Em "Talkin Hawking” Stephen Hawking praticamente canta suas teorias sobre comunicação e é uma pena ser tão pequena pois na levada e na beleza poderiam ter 10 minutos que ainda assim não cansaria. O final nos traz ao TDB em virtude da fala “All we need to do is making sure we Keep Talking” .

“Calling” é uma obra prima de órgão e piano de Rick em que Gilmour apenas abrilhanta mais o que é perfeito com um pouco de guitarra. é responsável por abrir a última parte do disco, com sintetizadores que parecem ter sido extraídos da trilha sonora de algum álbum de ficção científica, saindo das pequenas vinhetas para fazer um meio-de-campo entre elas e a maior canção do álbum.

 Exibe-se acusticamente “Eyes to Pearls” e “Surface”, duas faixas curtas, na qual a primeira apresenta apenas camadas de sintetizadores e um tema simples feito pelo violão, enquanto a segunda contém um dedilhados o violão, vocalizações, sintetizadores e o esmagamento das cordas do slide guitar de Gilmour.


Pink Floyd na época de The Division Bell, em 1994

Louder than Words”, composta pela esposa de Gilmour, Polly Samson, e que já havia saído na mainstream rock radio nos Estados Unidos, inclusive ganhando uma espécie de single quando de seu lançamento, e única a contar com os vocais de Gilmour e vocalizações femininas durante o refrão, tornando-o The Endless River um álbum não totalmente instrumental.

Uma ode de respeito à memória de Rick Wright e homenagem é o que posso resumir The Endless River, que ganhou minha simpatia desde a primeira ouvida.  O último álbum foge dos modelos comuns estabelecidos  resgata a sonoridade do rock progressivo. Mas do que apenas ouvir um disco de rock, The Endless River é indicado para quem gosta de apenas viajar e apreciar música, se perdendo nos sons.

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